Até ver, o Festival de Cannes continua de pé, apesar do novo coronavírus

Organização não cancela o evento, à revelia da ordem do Eliseu para proibir eventos com mil pessoas ou mais. Conferência de imprensa para anunciar alinhamento está marcada para 16 de Abril.

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O realizador sul-coreano Bong Joon-ho recebeu a Palma de Ouro pelo seu filme Parasitas na edição de 2019 LUSA/GUILLAUME HORCAJUELO

Apesar do crescendo visível da preocupação em torno do novo coronavírus (um pouco por todo o mundo, há países a apertarem a malha de medidas de contenção e, nos cenários de transmissão alargada, a imporem restrições à mobilidade, o cancelamento de eventos de massas e o encerramento de teatros e outras salas de espectáculos), a organização do Festival de Cinema de Cannes não fala, para já, em cancelamento.

“Mantemo-nos razoavelmente optimistas, na esperança de que se atinja o pico da epidemia no final de Março e de que respiremos um pouco melhor em Abril”, disse ao jornal francês Le Figaro Pierre Lescure, o presidente deste festival que é um dos mais importantes palcos internacionais da indústria do cinema. “Mas não estamos desatentos — se isto não acontecer, cancelamos.”

No domingo, o Governo francês proibiu as actividades que impliquem a reunião num mesmo recinto de mil pessoas ou mais. O maior espaço de exibição do Palácio do Festival, a Sala Lumière, tem 2300 lugares.

Lescure só irá ponderar o cancelamento da edição deste ano, que tem um orçamento de 32 milhões de euros, entre fundos públicos e privados, se o surto da Covid-19 piorar.

O festival, por onde deverão passar 40 mil pessoas, tem abertura marcada para 12 de Maio e a conferência de imprensa destinada a divulgar os filmes a concurso nas diversas secções e também os títulos fora de competição está agendada para 16 de Abril.

De acordo com a revista Variety, a organização de Cannes perdeu a oportunidade de reforçar o seguro do festival há duas semanas, ao recusar uma proposta da Circle Group, a sua seguradora, para renegociar a apólice de forma a que esta passasse a cobrir epidemias e pandemias. A empresa propunha que o festival optasse por pagar mais 6% do valor total já acordado.

Lescure recusou, justificando que aquilo que a Circle Group oferecia cobria apenas dois milhões de euros de um orçamento de mais de 30 milhões, ou seja, cerca de 5% dos custos totais do festival. “Na realidade, eram umas migalhas. A empresa estava a brincar aos caçadores de recompensas e nós, naturalmente, declinámos a proposta”, disse o presidente do festival, aqui citado pelo Figaro.

Pierre Lescure adiantou ainda, segundo a Variety, que Cannes dispõe de um fundo com “reservas” caso a edição venha a ser cancelada. Estas “reservas” cobrem pelo menos um ano sem qualquer receita.

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