Coronavírus: Linhas SNS24 e de apoio ao médico reforçadas

Linha SNS24 aumentou capacidade. Directora-geral da Saúde disse que esta terça-feira atendeu simultaneamente 1200 chamadas quando habitualmente atendia 200. Também Linha de Apoio Médico está a contar com o reforço de médicos reformados.

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LUSA/JOSÉ SENA GOULÃO

As linhas SNS24 e de apoio aos médicos já estão a ser reforçadas, disse esta terça-feira a directora-geral da Saúde no Parlamento, onde foi ouvida sobre a resposta das autoridades ao surto do novo coronavírus. Graça Freitas referiu ainda que estão a trabalhar na criação de orientações específicas para determinados sectores, como o hoteleiro, e grupos prioritários, como os idosos que vivem em lares.

“O SNS24 recebeu quase 28 mil chamadas e conseguiu responder a quase 11 mil”, disse Graça Freitas, referindo que sempre que há um anúncio relacionado com a nova infecção há um pico de chamadas para a linha. “É um facto que estávamos dimensionados para um determinado padrão de procura e atingimos picos nunca esperados”, assumiu, referindo que a capacidade de resposta já está a ser reforçada.

“Vamos melhorar. Durante esta noite [segunda-feira] já houve melhorias. Conseguimos atender 200 chamadas em simultâneo. Ontem [segunda-feira] já foi possível 500 e hoje já conseguimos atender 1200. Isto quer dizer um grande esforço. Fizemos um algoritmo mais rápido e dirigido à covid-19, com mais precisão para chegar à triagem e ser encaminhado para a Linha de Apoio Médico”, explicou Graça Freitas. Está a ser reforçado o recrutamento de profissionais, adiantou.

A directora-geral da Saúde salientou que é preciso ter cuidado na realização destes algoritmos, que não podem ser feitos sem consultar vários profissionais de saúde e a literatura disponível de forma a assegurar que funcionam de forma eficaz.

Estão a ser também criados mecanismos que separem as chamadas para triagem daquelas que são apenas para ter informação. E, nesse sentido, Graça Freitas deixou um apelo, que já tinha sido feito pela ministra da Saúde: que as pessoas só usem a linha SNS24 para triagem e optem por consultar a Internet para os casos de informação.

Quanto à Linha de Apoio Médico, Graça Freitas revelou que atendeu esta segunda-feira 1055 chamadas, mas deixou 200 por atender. “Não é só dizer se é ou não é um caso suspeito. Cada médico que atende tem de assegurar tudo, desde co-validar o caso com um médico do hospital de referência e, se for considerado caso suspeito, tem de activar o INEM, o laboratório, o delegado de saúde, a directora-geral. Esse médico fica impedido de atender chamadas durante algum tempo”, explicou.

Mas a resposta “vai ser melhorada”, garantiu a directora-geral da Saúde, com médicos voluntários, sobretudo reformados que se ofereceram. “Enquanto for necessário, a linha vai ser reforçada.”

Orientações personalizados

Depois de criado o plano nacional de contingência, agora é tempo de dar resposta a questões mais específicas. Graças Freitas anunciou que as autoridades estão a fazer orientações personalizadas para determinados sectores. “Esta sexta-feira, em todos os distritos vão existir formação para bombeiros com o mesmo formato. Tive grande preocupação em reunir-me com os hoteleiros, que têm gente de todo o mundo. Além da conversa, há uma orientação, que só ficou feita hoje [terça-feira], porque é preciso ver a evidência cientifica. Usando tecnologia, fizemos uma reunião com o sector.” 

“Vamos tentar cada vez mais fazer orientações personalizadas. Tivemos reuniões com a Segurança Social, com as Santas Casas da Misericórdia. Os lares também vão ter uma orientação própria para os profissionais que dão apoio uma população vulnerável”, referiu a responsável. 

Graça Freitas revelou que também querem “recorrer aos serviços da GNR” por terem "um serviço excelente de proximidade com os idosos”, à semelhança do apoio que aquela autoridade de segurança já dá no período do tempo de gripe. “Vamos pedir para continuar a fazer este apoio. Também aqui gostávamos muito de tentar activar os parceiros.”

Levantamento de capacidades

Quanto à situação actual do país, Graça Freitas adiantou que dos 41 casos confirmados apenas um caso merece especial atenção por causa do seu estado clínico. Questionada sobre as cadeias de transmissão (actualmente são seis), a directora-geral da Saúde referiu que em todas elas os elos de ligação aos casos secundários e terciários estão estabelecidos. “Apenas um dos casos não tem cadeia de transmissão [encontrada]. São duas pessoas das quais estamos à procura do link, penso que é apenas uma questão de tempo para o encontrar.”

Sobre a capacidade de resposta, nomeadamente camas de isolamento e de cuidados intensivos, a directora-geral da Saúde afirmou que “há capacidade de expansão”, mesmo nos cuidados intensivos.

“As indicações para os hospitais e administrações regionais de saúde são para afinar tudo o que é já capacidade instalada, como a capacidade de expansão. O número de quartos de isolamento pode ser aumentado”, disse, referindo que cerca de 80% dos casos desta infecção são ligeiros e numa situação de maior número de infectados serão tratados em casa.

Quanto à reserva estratégica e a aquisição de material necessário para os planos de contingência – que, segundo o PCP, alguns institutos públicos estão com dificuldade em comprar –, a responsável assegurou: “Tudo o que o mercado consegue produzir temos tentado comprar para ter uma reserva”.

A reserva estratégica está a ser gerida pelo Infarmed e será activada pela DGS, que avaliará com a região a parte a alocar da reserva estratégica de forma a não prejudicar outra região. “A reserva só pode ser activada em circunstâncias extraordinárias e pontuais.”

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