António Costa janta com Merkel na quarta-feira com orçamento europeu em cima da mesa

Ontem, jantou com o seu homólogo sueco em Lisboa com idêntico menu.

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Nuno Ferreira Santos

O primeiro-ministro português jantou nesta sexta-feira, informalmente, com o seu homólogo sueco, o social-democrata Stefan Lofven, num restaurante de Lisboa, e ambos estiveram reunidos durante toda a manhã de hoje no Palácio de São Bento, num encontro cujo tema central foram as negociações do próximo Quadro Financeiro Plurianual da União Europeia (2021-2027), que estão num impasse aparentemente insolúvel.

A Suécia é um dos quatro países ditos “frugais”, que se recuam a aceitar um orçamento que exceda um por cento do Rendimento Nacional Bruto, defendendo cortes muito substanciais nas políticas de coesão e na PAC, das quais Portugal e um vasto conjunto de países menos ricos da União são beneficiários. Com dois argumentos fundamentais: não estão disponíveis para compensar a saída do Reino Unido, o segundo maior contribuinte líquido para os cofres de Bruxelas (75 mil milhões de euros); consideram que são outras hoje as prioridades da União Europeia, da defesa às migrações, passando pelas chamadas “políticas modernizadoras”. Além da Suécia, incluem o grupo a Holanda (o mais renitente), Áustria e Dinamarca. 

No Conselho Europeu extraordinário de 20 de Fevereiro passado, convocado pelo seu presidente, o belga Charles Michel, para encontrar um consenso e torno de uma nova proposta, qualquer aproximação de posições veio a revelar-se impossível. A Alemanha, o maior contribuinte líquido para os cofres de Bruxelas, tem mantido uma posição próxima dos quatro “frugais”. Angela Merkel gostaria, no entanto, de ver o problema resolvido antes do início da presidência alemã da União Europeia, a partir de 1 de Julho, a última a que presidirá, dando sinais recentes de alguma flexibilidade.

António Costa, que tem liderado o chamado “grupo da coesão”, incluindo 16 países, terá um jantar privado com a chanceler em Berlim na próxima quarta-feira para debaterem, entre outras coisas, eventuais caminhos para superar o impasse, embora o primeiro-ministro português esteja ainda muito longe de aceitar qualquer das propostas que têm circulado pela mão de Charles Michel. Ambos deverão também discutir as prioridades da agenda europeia: à presidência alemã seguir-se-á a portuguesa, a partir de 1 de Janeiro de 2021, e os respectivos programas (incluindo o da presidência eslovena logo a seguir) devem ser definidos em conjunto.

Conhecem-se as boas relações de Costa com a sua homóloga alemã. Na entrevista que dá ao PÚBLICO, a última da série “Portugal… e agora?” que será publica amanhã no P2, o primeiro-ministro defende que, sem fazer cedências injustificadas, também é preciso entender os problemas dos outros.

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