Futebol vai testar novas regras: “É uma evolução, não uma revolução”

Federação holandesa obteve autorização da FIFA para começar a experimentar um conjunto de cinco alterações. Na Alemanha, vai ser posta em prática, nos escalões amadores, a suspensão temporária.

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Substituições sem limites vão ser testadas Michael Kooren/Reuters

Responder aos anseios dos agentes e dos adeptos e acompanhar a evolução de outras modalidades que têm apertado a concorrência face ao futebol. São estas as maiores preocupações de alguns responsáveis federativos e a FIFA já deu sinais de que está atenta ao clima de mudanças que se anuncia. Para averiguar até que ponto poderão ter um efeito positivo na modalidade, o organismo liderado por Gianni Infantino deu luz verde à federação holandesa (KNVB)para testar cinco alterações às regras. E na Alemanha também se vivem tempos de experimentação.

Nos últimos dias, reuniram-se em Zeist, nos Países Baixos, representantes das federações da Alemanha, de Inglaterra, da Bélgica e dos EUA, tendo como ponto central da agenda o aperfeiçoamento e a “democratização” do videoárbitro (VAR). A intenção é tornar a tecnologia tão acessível quanto possível para alargar a sua utilização a um maior número de países e de competições. Mas acabou por ser a discussão em redor das regras e do tempo útil de jogo a centrar as atenções no final do encontro.

Em concreto, as ideias/possibilidades debatidas foram cinco: a reposição da bola em jogo com os pés caso saia pela linha lateral, a cobrança de uma falta de e para o mesmo jogador (o denominado auto-passe), substituições ilimitadas, contagem do cronómetro apenas quando a bola estiver em jogo e períodos de exclusão por amostragem de cartões. 

“Discutimos estes tópicos com diferentes grupos, que envolviam treinadores, adeptos, jogadores e atletas jovens, e acabámos sempre por chegar a estas cinco questões”, explicou Gijs de Jong, secretário-geral da KNVB. “É por isso que queremos ver se  somos capazes de testar regras diferentes”, acrescentou, aludindo a uma implementação gradual e cuidadosa: “Podemos experimentar nas camadas jovens até aos sub19, por exemplo, ou no futebol não competitivo. Ou até numa prova a eliminar no longo prazo”.

Dando de barato que nem todas estas propostas produzirão reais alterações das regras no futuro, o dirigente da KNVB mostra-se alerta face à necessidade de adaptar o futebol às actuais exigências do mercado. “É o nosso dever pensar em mudanças que tornem o futebol mais atractivo sem alterar a sua essência. Não são medidas para aplicar amanhã ou em cinco anos. É algo mais a prazo. Não se trata de uma revolução, mas de uma evolução”.

Uma das maiores preocupações dos adeptos, a avaliar pelos resultados de diferentes estudos, é a constante quebra do ritmo do jogo. “Em média, o tempo efectivo de jogo é geralmente de apenas 50 minutos. É por isso que também queremos testar estas medidas”, acrescenta Gijs de Jong, ciente de que há muitas outras modalidades em franco crescimento e que a entrada de algumas no calendário olímpico mostra como a atenção dos jovens é hoje canalizada para outras áreas. “Queremos tornar o futebol à prova do futuro. O mundo está a mudar tão depressa que não podemos ficar parados”.

Do oitavo escalão para baixo

Movimentações idênticas estão também a acontecer na Alemanha. Nesta sexta-feira, a federação germânica (DFB) anunciou que irá testar, já a partir da próxima época, as suspensões temporárias como sanção a aplicar em caso de um segundo cartão amarelo, ao invés da expulsão.

Na prática, o organismo está a dar resposta a um pedido de uma das divisões amadoras do estado de Hesse, que pretende avançar com um projecto-piloto. A experiência começará em 2020-21 a nível distrital (do oitavo escalão da hierarquia para baixo), será aplicada por um período de dois anos e, por enquanto, somente no futebol masculino.

Trata-se, no fundo, de dar corpo a uma solução já em voga em muitas modalidades (como o andebol ou o hóquei em patins), prevendo a saída do terreno de jogo, por um período determinado, de um futebolista que tenha visto o segundo cartão amarelo. Cumprido o tempo de suspensão, o jogador regressará e só em caso de voltar a ser admoestado acabará definitivamente expulso.

Esta experiência só pode avançar, de resto, porque os regulamentos da FIFA prevêem que as regras ao nível dos escalões de formação e do futebol amador possam ser ajustadas em consonância com as federações nacionais.

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