Lentes de contacto: é para todos?

Alguns problemas de visão podem ser corrigidos com lentes de contacto, com a vantagem adicional de assim se resolverem algumas das questões de quem não quer - ou não pode - usar óculos.

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Maior liberdade de movimentos, manter uma aparência natural e garantir uma visão sempre límpida. Estas são algumas das vantagens inegáveis da utilização de lentes de contacto. Sobretudo para quem pratica desporto ou mantém uma actividade física regular, esta opção permite aquilo que é muito difícil de assegurar com a utilização de óculos: conseguir uma visão perfeita, mas sem os inconvenientes de uns óculos que podem cair ou quebrar e ainda ficam baços e escorregadios com a transpiração. As lentes de contacto aparecem, assim, como o melhor de dois mundos, além de que também podem ser usadas em conjunto com óculos (alternando a utilização) e constituir uma opção estética para ocasiões especiais – porque não? Mas para saber se as lentes de contacto podem mesmo ser uma solução para toda a gente, falámos com António Morais, optometrista da Alberto Oculista.

Segundo o especialista, “nos dias de hoje, graças a uma enorme evolução na área, existem lentes de contacto para grande parte dos problemas refractivos e até para efeitos estéticos”, ou seja, o recurso a esta opção pode ser equacionado por uma grande percentagem de pessoas que precisam de usar óculos. Aliás, nas suas palavras, “no que diz respeito a compensações ópticas para problemas refractivos, as lentes de contacto ocupam um lugar de grande importância e destaque”.

Factores que limitam o uso

As lentes de contacto têm indicação de utilização nalgumas deficiências de visão muito comuns, como a miopia (dificuldade em ver ao longe), a hipermetropia (dificuldade em ver ao perto), o astigmatismo (objectos próximos e distantes parecem desfocados) e a presbiopia (normal a partir dos 40 anos, quando ler ao perto se torna um desafio), entre outras. Todavia, há graduações muito elevadas que não podem ser corrigidas desta forma.

António Morais refere que “fisiologicamente, qualquer pessoa pode usar lentes de contacto, desde a criança ao adulto sénior”, mas a verdade é que “existem diversos factores que devem ser tidos em conta para melhor direccionar o uso, ou não, das lentes de contacto”. A saber:

Idade – Em crianças muito pequenas não será adequado o uso de lentes de contacto, sobretudo porque ainda não as conseguem colocar sozinhas nem terão noção da responsabilidade necessária. À medida que crescem, a troca dos óculos pelas lentes poderá ser uma solução, porque lhes confere maior liberdade de movimentos. Ainda assim, a decisão deverá ser ponderada em conjunto com o especialista de visão.

Ambiente – Quem passa muitas horas exposto a ambientes com poeiras, fumo, produtos químicos ou em atmosferas muito secas poderá ter dificuldade em utilizar lentes de contacto.

Doenças oculares e outras – O especialista de visão deverá conhecer o historial clínico de quem pretende usar lentes de contacto para perceber se existe alguma contra-indicação.

Alergias - As alergias oculares são uma reacção a alergénios, como pólen, ácaros do pó, pêlos, entre outros, que atingem os olhos e poderão dificultar o uso de lentes de contacto.

Funcionalidade – Para algumas pessoas, o uso de lentes de contacto poderá conferir grande funcionalidade no dia-a-dia, mas para outras poderá acontecer o contrário, pelo que essa dimensão deve ser avaliada.

Higiene pessoal – Os cuidados com a higiene são ainda mais importantes quando se usam lentes de contacto. Não só as mãos devem estar perfeitamente limpas antes de proceder à colocação/remoção das lentes como estas próprias devem ser cuidadosamente higienizadas com uma solução específica no caso de não serem de uso único diário.

Destreza de mãos – É fundamental que o utilizador de lentes de contacto as consiga colocar e retirar sem problema, pelo que deverá possuir um nível mínimo de coordenação motora e destreza de mãos.

Compreensão do uso – A utilização de lentes de contacto implica cuidados de higiene e armazenamento, além de que a colocação de um objecto estranho nos olhos implica um nível de responsabilidade que deve ser sempre aferido.

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Várias opções de lentes

As lentes de contacto podem ser classificadas como moles ou rígidas, sendo que “apesar de ambos os grupos poderem resolver quase todos os problemas refractivos, cada um está direccionado para situações específicas que têm de ser analisadas”.

Além disso, as lentes dividem-se em função do tempo que duram até terem de ser substituídas: as descartáveis e as convencionais. As primeiras podem ser de uso único diário, quinzenal, mensal ou trimestral. Já as lentes convencionais são de uso diário e podem durar um ano ou dois, conforme o pretendido.

Qual a melhor solução para cada pessoa? António Morais explica que não há uma opção que sirva toda a gente, pelo que “tudo o que acima foi descrito deve ser avaliado em consulta para que se defina adequadamente qual a melhor solução para a pessoa em causa”.