Talkin’ ‘bout my generation*

Eis um guia de leitura para a edição especial dos 30 anos do PÚBLICO.

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O PÚBLICO dedicou a edição de hoje aos jovens sub-30. Tiago Lopes

Podíamos falar de millennials, alguns dos quais já com 40 anos, mas preferimos falar sobretudo de quem nasceu na primeira década do PÚBLICO.

Em preparação, lançámos vídeos em que os sub-30 desabafam sobre as suas nostalgias (já têm direito), falámos dos livros, das músicas e dos filmes que a cada ano os construíram, promovemos um conto a várias mãos, pedimos uma bucketlist a três pessoas de 10, 20 e 30 anos; enfim, demos início à festa.

Nesta edição, metemo-nos no esforço hercúleo de pintar os sub-30 através de 16 retratos, necessariamente breves e directos ao osso, que são aproximações a algo tão mutável, impreciso e sobretudo muito dinâmico, como o pulsar de uma geração.

Recolhendo os testemunhos de pessoas até 30 anos, a quem damos voz, fomos saber o que pensam, o que os inquieta, o que os entusiasma, enfim, como vivem. Os textos partem de núcleos como política, desporto, cultura, família, sexualidade, emprego, redes sociais, alterações climáticas, habilitações, etc., mas não seguem uma ordem nem estão organizados por secções. Podem ser lidos justamente como pinceladas que o leitor dá de trás para a frente, de frente para trás, aqui e ali. Sempre que possível, ilustramos com infografias. Se quiser ler mais, basta espreitar online.

Mudámos radicalmente o grafismo da edição impressa: apostámos numa leitura clean com enfoque nas imagens, um pouco ao jeito das redes sociais; cada texto ocupa apenas uma página e não temos numeração. As típicas hashtags ajudam a situar. A última página pede ao leitor que a preencha, fotografe e partilhe.

Desafiámos também dez duplas dentro das mesmas áreas e profissões para um frente-a-frente geracional. De um lado, a geração aqui retratada. Do outro, a que tinha pelo menos 30 anos quando o PÚBLICO nasceu. Nestas páginas, olham uns para os outros e descrevem o que vêem.

Como nenhuma geração vive só — e quem vai à frente tem muito para ensinar —, pedimos a personalidades como António Damásio, Maria do Céu Guerra, Graça Morais, Alice Vieira, Manuel Alegre e Jorge Sampaio, entre outros, que dessem conselhos de vida aos seus próprios eus de 30 anos. Dar conselhos a outros é um exercício ingrato, assim os convidados ficaram mais à vontade.

Por último, numa época em que a poesia desapareceu da imprensa diária, alegro-me especialmente por publicarmos o poema que Nuno F. Silva, de 26 anos, escreveu a pensar nesta edição. A qualidade da escrita é embalada por um grafismo arrojado que convida a guardar a página. Eu vou fazê-lo.

* eu sei que são dos anos 1960, mas ouça aqui My Generation, dos The Who, que vale a pena.

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