A verdade que ninguém contou sobre o futuro

“Quero ser bailarina”, “Quero ser actor”, “Quero ir para um curso profissional”, “Não quero ir para a universidade” — vivemos numa sociedade onde é difícil aceitar afirmações como estas. É complicado adoptar o que sai fora da linha e o que é diferente.

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Acabei o 9.º ano e agora? Acabei o 12.º ano e agora? Acabei a faculdade e agora? Vivemos na era dos cursos, dos doutores, dos mestres e esquecemo-nos do que realmente gostamos.

Repletos de opiniões, ideias e conselhos, criamos o nosso futuro baseado em concepções de amigos, familiares e até mesmo desconhecidos. Somos forçados a criar um currículo cheio de estágios ou cursos em universidades xpto e deixamos para trás o que realmente nos faz feliz.

Somos moldados para ser os melhores, o melhor da turma, o melhor da escola, o melhor da empresa. Sempre me disseram que o meu dever era aprender, respeitar e cumprir para que pudesse ser uma cidadã exemplar. Todas estas responsabilidades, que nos são incutidas desde pequenos, são esquecidas com o passar dos anos. Deixamos para trás estas incumbências e começamos a preocupar-nos como somos vistos pelos outros, se temos um bom grupo de amigos, se estamos num bom curso ou se temos um bom emprego. Estas preocupações são muitas vezes exageradas: será que importa assim tanto aquilo que os outros pensam de nós? Cresci e encontrei a resposta. Percebi que julgar é mais fácil que conhecer e que a crítica destrutiva é a impossibilidade de compreensão.

Obrigam-nos a criar o nosso percurso desde muito pequenos. Quando terminei o 9.º ano, exigiram-me que escolhesse uma área de estudo. Tinha 15 anos, era uma adolescente cheia de dúvidas, rebeldia e com ideias pouco estruturadas e excessivas, que me levaram a formar o futuro sob pressão.

O meu primeiro confronto com uma decisão profissional surgiu e decidi seguir o ensino regular. Deparei-me como se estereotipa cada aluno dependendo do curso que frequenta sem sequer conhecermos os seus objectivos, os seus sonhos, as suas qualidades. A nossa sociedade estampou em cada curso um futuro: ciências é brilhante, artes é fracasso. É inevitável parar e pensar como desde pequenos rotulamos as pessoas devido às suas escolhas e aos seus gostos. Não vivemos para mostrar aos outros do que somos capazes, vivemos para mostrar a nós próprios que conseguimos vencer e chegar aos nossos objectivos.

“Quero ser bailarina”, “Quero ser actor”, “Quero ir para um curso profissional”, “Não quero ir para a universidade” — vivemos numa sociedade onde é difícil aceitar afirmações como estas. É complicado adoptar o que sai fora da linha e o que é diferente. 

Esta dificuldade em aceitar o atípico não ocorre apenas na tua casa, na tua cidade ou no teu país, possivelmente este é um problema mundial e muito difícil de combater. Serão a tua palavra, os teus sonhos, a tua força que podem mudar isto, podem mudar pensamentos, podem mudar a forma de criar profissionais de topo.

Por vezes, pergunto-me se serei pior trabalhadora seguindo um caminho profissional. Ou serei pior profissional se não for para a universidade? Sou a favor dos estudos, mas isso talvez porque goste de estudar, de ler, de escrever, de pesquisar, mas nem todos podemos ter os mesmos gostos; talvez quem esteja desse lado do ecrã, prefira crescer com a prática, desenvolver-se com experiências e alimentar-se com a realidade.

Será que estamos a fazer o certo? Na verdade, seja qual for a nossa escolha, seguiremos sempre o incerto. Coabitamos num mundo cheio de talentos, de doutores, de mestre, mas um mundo com poucas oportunidades, em que o certo é sempre incerto e que a nossa lista de contactos é sempre mais importante do que a nossas competências.

Quando somos jovens, sonhamos em ser mais velhos. Quando somos mais velhos, queremos ser mais novos. Atrevo-me a dizer que algo está errado, mas com a fugacidade da vida é fácil ter estes pensamentos. Devemos sonhar e acreditar que somos capazes, devemos sonhar como seremos daqui a dez anos e pensar que seremos bons. Devemos ser indivíduos sonhadores e persistentes para que todos esses sonhos se realizem.

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