Assembleia Municipal do Porto lembra “espírito livre” do deputado Pedro Baptista

O deputado Pedro Baptista morreu, no dia 20 de Fevereiro, aos 71 anos. Foi escritor, deputado e antifascista e terá morrido de doença súbita.

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Pedro Baptista NELSON GARRIDO

A Assembleia Municipal do Porto aprovou esta segunda-feira, por unanimidade, um voto de pesar pela morte, no dia 20 de Fevereiro, do deputado Pedro Baptista, enaltecendo o seu “espírito livre”.

“Na vida, no combate político e com os outros mostrou sempre um espírito livre, irreverente, polémico e apaixonado, revelando-se uma força da natureza, estimulante como amigo e insuportável como adversário, mas sempre um interlocutor estimulante”, lembrou o presidente da Assembleia Municipal do Porto, Miguel Pereira Leite.

O voto de pesar, acompanhado de um minuto de silêncio, foi subscrito por todos os grupos da Assembleia Municipal, que expressaram as “mais sentidas” condolências à família de Pedro Baptista, antifascista, escritor e ensaísta que morreu aos 71 anos. “O seu percurso fica assim marcado por um grande contributo cívico e político ao serviço da Câmara do Porto”, realçou Miguel Pereira Leite.

Pedro Baptista era deputado da Assembleia Municipal do Porto, eleito pelo movimento independente do presidente da câmara, Rui Moreira.

Nascido em Nevogilde, no Porto, em 1948, Pedro Rocha Baptista era licenciado e doutorado em Filosofia pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto e publicou vários ensaios, romances e comunicações no campo da filosofia.

A morte de Pedro Rocha Baptista foi revelada horas depois de ter publicado na sua página na rede social Facebook um “é hoje! Até já!”, referindo-se à visita que se preparava para acompanhar à exposição 1820. Revolução Liberal do Porto, da autoria de José Manuel Lopes Cordeiro, e que dava início às comemorações da revolução, das quais era Comissário Geral.

Pedro Rocha Baptista foi dirigente estudantil no Porto entre 1968 e 1971, co-fundador do jornal Grito do Povo de oposição ao Estado Novo, preso político em 1973 e deportado para Angola, regressando a 1 de Maio de 1974.

Foi deputado à Assembleia da República, eleito pelo Porto, entre 1995 e 1999, pelo PS e candidato do Partido Democrático do Atlântico (PDA), em 2011, pelo círculo do Porto.

Da Foz Velha a O Grito do Povo foi em 2014 o título do primeiro livro de memórias de Pedro Baptista, que se dizia antifascista, comunista, marxista, leninista, colectivista, maoista e que, um dia, enquanto dirigente estudantil, encetou em 1968 uma luta contra o regime ditatorial a partir do Porto.

“É absolutamente falso que o Porto tenha tido um papel secundário” nos acontecimentos que levaram à Revolução de Abril de 1974, defendeu numa entrevista à agência Lusa.

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