Dia Mundial da Audição: Cuidado com os níveis de som

A perda auditiva induzida pelo ruído é permanente porque a destruição das células ciliadas do ouvido interno é irreversível.

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Basta quatro horas para um som de 90 dB provocar lesão, uma hora para um som de 100 dB e apenas 15 minutos se o som tiver 110 dB de intensidade paulo pimenta/arquivo

O número de pessoas com perda auditiva está a aumentar. Segundo números da Organização Mundial de Saúde (OMS), há em todo o mundo 1,1 mil milhões de jovens que correm o risco de ter uma perda auditiva devido a hábitos de audição pouco seguros. Isto deve-se ao facto de, hoje em dia, nos países desenvolvidos uma em cada duas pessoas, entre os 12 e os 35 anos, usar regularmente dispositivos de música portáteis, como smartphones, MP3 ou outros, com níveis de som considerados perigosos.

O volume médio a que as pessoas ouvem música nos dispositivos portáteis situa-se entre 75 e 105 decibel (dB), mas sempre que o som ultrapassa 80 dB podemos estar a causar uma lesão irreparável ao nosso ouvido.

Ainda em relação a estes jovens, 40% estão expostos com frequência a níveis sonoros potencialmente perigosos em diversos locais de lazer como discotecas, bares, salas de concerto, estádios de futebol ou pavilhões desportivos. Nestes locais as pessoas estão expostas a volumes de som entre os 100 e os 120 dB, muitas vezes durante várias horas.

Por tudo isto, a propósito do Dia Mundial da Audição, que se comemora a 3 de Março, a OMS está a lançar uma campanha com o lema: “Garanta uma audição segura. Porque depois de a perder, ela não volta mais!”

A perda auditiva devida a trauma sonoro é permanente. Embora possamos falar de uma susceptibilidade individual, sabemos que a lesão provocada nas células ciliadas do ouvido interno depende em primeiro lugar da intensidade e da duração da exposição ao ruído e que sempre que o som ultrapassa os 80 dB pode provocar perda auditiva.

À medida que a intensidade do som sobe, a tolerância ao tempo de exposição ao ruído diminui exponencialmente, isto é, se um ruído contínuo de 85 dB vai lesar o meu ouvido interno ao fim de oito horas de exposição, basta quatro horas para um som de 90 dB provocar lesão, uma hora para um som de 100 dB e apenas 15 minutos se o som tiver 110 dB de intensidade.

A perda auditiva induzida pelo ruído é permanente porque a destruição das células ciliadas do ouvido interno é irreversível. Assim, com o tempo, ouvir música com volume de som muito alto por períodos prolongados pode provocar perda auditiva, muitas vezes acompanhada de zumbidos, que não tem tratamento com medicamentos ou através de cirurgia.

Segundo dados da OMS, nos Estados Unidos 40 milhões de pessoas entre os 20 e os 69 anos sofre de uma perda auditiva induzida por ruído não ocupacional. Nas pessoas em que se confirma esta diminuição da audição uma intervenção adequada de reabilitação auditiva poderá permitir o acesso a uma vida normal.

Em qualquer fase das nossas vidas, uma boa qualidade de audição permite uma boa comunicação, ligando-nos uns aos outros e às nossas comunidades. Por isso, a prevenção e o diagnóstico precoce são tão importantes para evitar lesões irreversíveis.

A prevenção deve ter em vista o uso de dispositivos musicais seguros com limitação de volume de som e legislação visando uma audição segura em locais públicos de diversão, nomeadamente definindo limites de volume de som, informando a assistência dos concertos do volume de som emitido e alertando para os riscos que correm, assim como disponibilizar tampões auditivos — formas de alerta e sensibilização importantes já implementadas em alguns países.

E, finalmente, a consciencialização cada vez maior de todos, e, em particular, dos jovens para este problema, através da divulgação de informação e de campanhas sobre as consequências do traumatismo sonoro e da importância de uma audição segura, de modo a podermos continuar a desfrutar da plenitude da música e de todos os sons.

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