ModaLisboa prepara-se para mostrar novas colecções a partir de quinta-feira — nem que seja “à porta fechada”

Desfiles de novas colecções, debates, uma loja temporária e o desfecho do concurso Sangue Novo. A ModaLisboa prevê arrancar com a sua 54.ª edição na próxima quinta-feira, preparada, porém, para realizar os eventos “à porta fechada”.

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Embora os desfiles sejam apenas acessíveis por convite, há uma série de outras actividades abertas ao público nas antigas OGFE, entre sexta-feira e domingo LUSA/ANTÓNIO PEDRO SANTOS

A 54.ª edição da ModaLisboa, na qual serão apresentadas colecções para o próximo Inverno, arranca esta quinta-feira, dia 5 de Março, nos Paços do Concelho, decorrendo até domingo nas antigas Oficinas Gerais de Fardamento e Equipamento, com várias actividades abertas ao público.

A abertura faz-se com duas iniciativas abertas ao público: as Fast Talks (17h), um debate no qual serão apresentados casos de sucesso de marcas de moda com impacte positivo nas pessoas e no planeta, e a apresentação das colecções dos 15 designers europeus do projecto United Fashion, às 21h. Nesta estação, cabe a Lisboa a tarefa de acolher o projecto criado em 2017 por sete organizações de moda europeias e que, como explicou à Lusa a directora da ModaLisboa, Eduarda Abbondanza, “tem como objectivo a promoção da criatividade, da inovação e do empreendedorismo dos designers de moda europeus, assim como o aumento das suas oportunidades de negócio”.

Em Lisboa, estarão Archie Dickens (Portugal), Béhen (Portugal), Dawid Tomaszewski (Alemanha), Lina Maria (Bélgica), Lucie Brochad.võ (França), One Wolf (Letónia), Opiar (Portugal), Sarah de Saint de Hubert (Bélgica), Schmidttakahashi (Alemanha), Snobe (Bélgica), Sofija Urumovic (Eslovénia), T*mitrovska (Macedónia do Norte), Talented (Letónia), Toos Franken (Bélgica) e Voir(e) (França). Além de apresentarem as suas colecções, os 15 jovens irão participar, entre quarta e sexta-feira, em “masterclasses e acções de formação que incidem sobre inovação, novos modelos de negócio, aposta na tecnologia, sustentabilidade e ética em todas as fases do processo” de criação de moda.

Na sexta-feira, a ModaLisboa muda-se para o Mercado de Santa Clara e para as antigas Oficinas Gerais de Fardamento e Equipamento (OGFE). No primeiro, estará a funcionar, entre as 12h e as 18h de sexta-feira, uma loja temporária com peças de designers europeus. Nesse mesmo dia, acessíveis apenas por convite, na sala de desfiles das antigas OGFE, serão apresentadas as colecções de Carolina Machado, Duarte, Valentim Quaresma e Carlos Gil.

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Criação de Louis Appelmans, entretanto fora do concurso Sangue Novo por ter integrado um estágio na Kenzo ANTÓNIO PEDRO SANTOS/LUSA

Um Sangue Novo a descobrir

Também na sexta-feira, decorre a final do concurso Sangue Novo. Nesta competem cinco dos seis designers apurados há seis meses, na 53.ª edição da ModaLisboa: Cêlá, Filipe Cerejo, Flávia Brito (Brasil) e Francisco Pereira. O sexto designer apurado para a final, Louis Appelmans (Bélgica), “entretanto iniciou um estágio na Kenzo, em Paris, e não conseguiu desenvolver uma nova colecção para a final”, justificou a ModaLisboa. Os finalistas receberam mil euros cada um para prepararem uma nova colecção a apresentar nesta edição.

Os designers competem por três prémios: ModaLisboa em parceria com a escola italiana Polimoda (um mestrado em Design de Moda ou em Design de Colecção mais 3500 euros), ModaLisboa em parceria com a Tintex Textiles (residência de três semanas na Tintex mais dois mil euros) e The Feeting Room (venda da colecção nas lojas The Feeting Room de Lisboa e do Porto).

Até domingo serão ainda apresentadas as colecções de João Magalhães, Buzina, Luís Buchinho, Ricardo Preto, Luís Carvalho, Kolovrat, Gonçalo Peixoto, Nuno Gama (sábado), Constança Entrudo, Hibu, Awaytomars, Ricardo Andrez, Aleksandar Protic, Ninamounah e Dino Alves (domingo).

Embora os desfiles sejam apenas acessíveis por convite, há uma série de outras actividades abertas ao público nas antigas OGFE, entre sexta-feira e domingo.

Pela primeira vez, a ModaLisboa apresenta um alinhamento artístico, que inclui actuações de Mike 11 (sexta-feira, 19h30), Mistah Isaac (sexta-feira, 22h), Duarte Melo (sábado, 18h30), Autora Pinho Leite (sábado, 22h), Orchidaceae (domingo, 17h30) e Surma (domingo, 20h30).

Nesta edição, regressam as exposições da Workstation, a pop-up store (loja temporária) Wonder Room, que funcionará entre as 16h e as 22h de sexta-feira e as 13h e as 22h de sábado e de domingo, e o Check Point, um espaço de encontro da indústria, que inclui oficinas e debates que exigem inscrição prévia.

E porque a sustentabilidade na indústria da moda é uma preocupação cada vez maior, nesta edição haverá um lounge onde quatro projectos — Catalyst, Fashion Revolution, Planetiers e WWF — “falam da inovação tecnológica da indústria, das pessoas que fazem as roupas, de como o futuro pode ser verde, de como a água é o bem de luxo mais precioso”.

Além disso, haverá nas antigas OGFE três contentores, personalizados por artistas — Rita Ravasco, Gonçalo Mar e RAF — e espalhados pelo recinto, “onde qualquer pessoa poderá depositar roupa, calçado e têxtil lar que já não queira, mas que tantos outros podem querer”.

Os horários e outras informações sobre as actividades podem ser consultados em www.modalisboa.pt.

ModaLisboa poderá ser “à porta fechada”

Entretanto, na segunda-feira, depois de terem sido confirmados dois casos de infecção pelo novo coronavírus em Portugal, a organização da ModaLisboa admitiu a possibilidade de a iniciativa decorrer “à porta fechada”, no caso de agravamento da propagação do surto de Covid-19 em Portugal, com emissão “livestream dos desfiles”. “Esta decisão será tomada em última instância e em caso de necessidade ou indicação das autoridades locais e nacionais de saúde”, sublinha a organização.

De momento, observa-se que o vírus SARS-CoV-2 é muito contagioso, existindo 43.128 casos activos e confirmados, a maioria na China. Ao todo, desde 20 de Janeiro, foram identificados 91.313 casos de Covid-19 e registados 3118 óbitos — o que representa, para já, uma taxa de mortalidade de 3,4%. No entanto, também há números animadores: mais de 48 mil pessoas (mais de 50%) que apanharam o vírus já se livraram dele e apresentam-se totalmente recuperadas.

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