Ferro voltou a comprometer, Benfica voltou a não vencer

As alterações de Bruno Lage voltaram a prejudicar uma equipa que só de penálti chegou ao golo – e mesmo nessa via foram precisas duas tentativas. E o Benfica já não depende de si para ser campeão.

Fábio Abreu e Samaris em duelo na Luz
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Fábio Abreu e Samaris em duelo na Luz LUSA/TIAGO PETINGA
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Um dos penáltis falhados por Pizzi LUSA/TIAGO PETINGA
,Supertaça Europeia 2014
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Lance do jogo entre o Benfica e o Moreirense LUSA/TIAGO PETINGA
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Bruno Lage, treinador do Benfica LUSA/TIAGO PETINGA
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Lance do jogo entre o Benfica e o Moreirense LUSA/TIAGO PETINGA
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Ricardo Soares, treinador do Moreirense LUSA/TIAGO PETINGA
,Ohio State Buckeyes futebol
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Lance do jogo entre o Benfica e o Moreirense LUSA/TIAGO PETINGA

O Benfica já não é líder da Liga portuguesa. Esta frase não era escrita há muito tempo – os “encarnados” estavam no topo do campeonato há 14 jornadas –, mas o empate (1-1) em casa frente ao Moreirense precipitou o que há algumas semanas se anunciava. O Benfica estava mal, Ferro estava mal e Fábio Abreu, do Moreirense, estava bem. Tudo isto se manteve nesta segunda-feira e o Benfica, apesar de merecer outro resultado, fica a dever a si próprio a perda da liderança.

Perante um Estádio da Luz impaciente – quaisquer segundos mais prolongados de posse de bola sem progressão valiam assobios (um sinal dos tempos) –, o Benfica trouxe alterações na equipa que significaram mudanças no sistema táctico e que significaram, também, variação no estilo de jogo. 

Com Weigl, Samaris e Taarabt, o posicionamento mais deambulante do marroquino nas costas de Vinícius tirou o Benfica do 4x4x2 para o colocar num 4x2x3x1. Essa mudança não impediu Taarabt de ser o jogador mais em foco dos “encarnados”, como já tem acontecido, mas impediu a equipa lisboeta de ter mais presença na área. E foi por aí que mais pecou.

O Benfica conseguiu variar bem o jogo e penetrar na primeira linha de pressão de um Moreirense muito compacto e muito defensivo, mas faltou quase sempre presença na área que permitisse a Vinícius ter ajuda na luta contra dois, três e às vezes quatro defensores à sua volta. Apesar desta falta de presença ofensiva – Rafa e Pizzi, com Taarabt tão solto, têm de penetrar mais em zonas de finalização –, o Benfica teve boas oportunidades de golo.

Aos 6’ poderia ter havido autogolo, após livre de Grimaldo, aos 11’ Samaris criou perigo de fora da área e aos 16’ Rafa imitou o grego. Tudo isto serviu de “aquecimento” para lances ainda mais evidentes: Vinícius isolou-se aos 23’, mas não finalizou, Taarabt rematou aos 25’ e permitiu defesa a Pasinato e Pizzi também chamou o guarda-redes ao serviço aos 33’, após um grande passe de Taarabt.

Sempre muito defensivo – mas capaz nas transições –, o Moreirense teve três boas jogadas, quando Fábio Abreu falhou aos 13’ e aos 25’, ambas em boa posição perante Odysseas, e aos 31’, quando João Aurélio cabeceou para fora depois de Bilel “destruir” Grimaldo.

Em suma, uma primeira parte com vários lances perigosos, mesmo num jogo sem grande intensidade e sem particular “nota artística” de qualquer das equipas.

No regresso após o intervalo, um penálti cometido por Gabrielzinho, que fez mão na bola, colocou Pizzi nos 11 metros. O português atirou ao lado e a Luz desesperou. E desesperou mais ainda no minuto seguinte, quando um golo de Rafa foi anulado com recurso ao VAR, após mão na bola do azarado Pizzi.

Assobios a Lage

Para a última meia hora, Bruno Lage chamou Dyego Sousa e tirou Weigl – o alemão e Samaris pareciam redundantes frente a um Moreirense cada vez menos interessado e capaz de atacar. A equipa não ganhou com esta mudança e sentiu-o na pele aos 66’. Sem Weigl, a equipa deixou-se surpreender e, a defender em três contra quatro, permitiu a Conté cruzar e Fábio Abreu marcar pela quinta jornada consecutiva. O avançado continua em grande momento, ao contrário de Ferro, que continua a comprometer. Péssima abordagem do central, que cometeu um erro primário, focando-se apenas na bola e esquecendo-se de controlar a movimentação do adversário.

Depois de Vinícius desperdiçar um bom lance, aos 73’, o Estádio da Luz uniu-se não em torno do Benfica, mas de outra causa: a de assobiar Bruno Lage. O treinador trocou Taarabt por Jota e a saída do até então melhor jogador em campo deixou os benfiquistas juntos na contestação.

Curiosamente – e isto de acaso terá muito pouco –, o Benfica tornou-se ainda menos capaz do que já estava a ser, com os jogadores a procurarem visivelmente a ajuda de Taarabt para construir e dar soluções em zonas de criação. Mas não havia Taarabt e os “encarnados” pouco perigo criaram nos últimos 15 minutos – fase em que Pedro Nuno ainda enjeitou a possibilidade de “matar” o jogo, falhando na cara de Odysseas.

Perto dos descontos, mesmo sem mostrar muita capacidade, o Benfica chegou ao golo. Fábio Veríssimo voltou a assinalar um penálti e Pizzi voltou a falhá-lo, mas conseguiu marcar na recarga, fazendo o empate.

O resultado não será totalmente justo, pelo que o Benfica criou, mas com Ferro a comprometer e os finalizadores a falharem oportunidades flagrantes, os sete pontos de vantagem esfumaram-se aos poucos. E o Benfica já depende de terceiros. Nada que não se previsse já há algumas semanas.

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