Líder do CDS-PP diz que partido “tudo fará” para que projecto do Montijo não seja chumbado

“O interesse nacional tem que estar acima dos jogos políticos e dos interesses partidários”, garantiu Francisco Rodrigues dos Santos, sobre o aeroporto do Montijo. Líder do CDS diz que medidas para o interior são “escassas”.

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Francisco Rodrigues dos Santos garantiu o apoio do CDS ao projecto do novo aeroporto no Montijo Paulo Pimenta

O presidente do CDS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos, disse este domingo que o seu partido “tudo fará” para que o projecto do aeroporto do Montijo não seja chumbado, por ser uma infra-estrutura que “serve o interesse nacional”.

“O CDS é coerente. O CDS tudo fará para que o projecto do Montijo não seja chumbado. E utilizaremos todos os instrumentos jurídicos e políticos para viabilizar uma obra que privilegia o interesse nacional”, disse Francisco Rodrigues dos Santos, durante uma visita à Feira do Queijo da Serra da Estrela de Celorico da Beira, no distrito da Guarda.

“Nós não estaremos com jogos políticos nem, por outro lado, não contam com o CDS para esgrimir argumentos com base em interesses político-partidários”, alertou.

Segundo o dirigente nacional do CDS-PP, para o partido “é fundamental que o hub aeroportuário português consiga dar respostas a todas as solicitações que recebe por ano”.

Francisco Rodrigues dos Santos vaticina que, com o desvio das companhias lowcoast para o aeroporto do Montijo, o país passará a ter uma capacidade instalada de resposta de 60 milhões de passageiros por ano.

“O sector do turismo é fundamental. Representa hoje cerca de 15% do PIB (Produto Interno Bruto) e desde 2012 criou em Portugal sensivelmente 500 mil novos postos de trabalho”.

Para o CDS-PP a obra do novo aeroporto do Montijo “tem que ir por diante” e o partido tudo fará “em coerência com o passado, para viabilizar esta infra-estrutura que serve o interesse nacional”.

Segundo o responsável, o partido entende que as grandes obras públicas “devem de ser objecto de consenso entre os três partidos do arco da governabilidade”, para que “quando haja mudanças de Governo não sejam colocadas em causa”.

“O interesse nacional tem que estar acima dos jogos políticos e dos interesses partidários”, assumiu.

Francisco Rodrigues dos Santos lembrou que no caso do aeroporto do Montijo, a decisão foi tomada pelo Governo do PSD e do CDS, quando António Pires de Lima era ministro da Economia e foi depois foi retomada pelo Governo PS.

“Parece-me que estão criadas todas as condições para se dizer com todas as letras que se trata de um consenso alargado no quadro político-partidário Português”, admitiu.

Assim, disse que “não se compreende” se a obra “conhecer novos atrasos, uma vez que o interesse nacional não estaria, neste momento, a ser salvaguardado”.

“Não contam com o CDS para jogos de baixa política ou tricas partidárias que relegam o interesse nacional para segundo plano (…) e fazem com que a nossa economia seja prejudicada e colocam em risco um sector essencial para o nosso país como é o caso do turismo”, alertou o presidente do CDS-PP.

No entender do líder dos centristas, cabe ao Governo “resolver todas as dificuldades” e “eliminar as barreiras para que se proceda de imediato à construção do aeroporto no Montijo”.

Medidas para o interior são “escassas”

Já sobre as iniciativas legislativas para o interior, aprovadas pelo Conselho de Ministros descentralizado de Bragança, na quinta-feira passada, Francisco Rodrigues dos Santos, considerou que “as medidas que têm vindo a ser anunciadas pecam ainda por serem escassas”.

Rodrigues dos Santos defendeu que para “fixar pessoas no interior”, estimular “o tecido empresarial” e por “a economia a funcionar, na opinião do CDS, são necessários cumprir três requisitos”. Em primeiro lugar é necessário aplicar no interior “um choque fiscal” que “permita a captação de investimento, a criação de emprego e a distribuição de riqueza”.

O segundo requisito é “permitir também que as pessoas que residam nestas zonas de baixa densidade populacional possam beneficiar de benefícios ao nível do IRS mais vantajosos do que aquelas que vivem nos meios urbanos”. Assim, como é “importante que haja investimento público”, pois “se não existirem infra-estruturas, vias, meios de transporte, centros de saúde, escolas, tribunais, é óbvio que a vida em sociedade torna-se muito mais difícil”.

Como terceiro ponto, o responsável considera necessário que exista uma reforma do sistema político eleitoral “que aproxime os decisores políticos dos territórios onde são eleitos”. E argumentou: “Nós verificamos que, hoje em dia, em Portugal, tem havido uma perda de mandatos, sobretudo dos círculos eleitorais das zonas do interior do nosso país, [que] significam dois terços do nosso território. Enquanto assim for, é óbvio que se vai perdendo relevância política, peso na tomada das decisões e, naturalmente que as bandeiras que são discutidas em sede parlamentar e de Governo, acabam por relegar estas franjas e fatias significativas do nosso país para segundo plano.”

Questionado pelos jornalistas relativamente à redução de portagens anunciada pelo Governo, disse que “é fundamental sobretudo para as pessoas que trabalham e vivem” nas zonas do interior do país e para todas as outras “deve cumprir-se o princípio do utilizador pagador”. E rematou:

“Deve haver o princípio da valorização e do apoio à interioridade do nosso país, que permita que haja vantagens, descontos, ou até isenções para as pessoas que aqui vivam ou trabalham.”

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