Presidente da República enaltece patriotismo de Adriano Moreira que entrou na história “pelo seu pé”

No lançamento de mais um livro do antigo ministro do Ultramar e ex-líder do CDS, Marcelo Rebelo de Sousa defendeu que Adriano Moreira é o exemplo de que “é possível trilhar os caminhos mais inesperados ou adversos e atravessar situações antagónicas” até se chegar “à unanimidade do respeito”.

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Marcelo Rebelo de Sousa homenageou Adriano Moreira LUSA/MIGUEL A. LOPES

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, defendeu sexta-feira à noite que o antigo líder do CDS Adriano Moreira entrou na história “pelo seu pé”, enaltecendo o patriotismo e a conquista de “mais esquerdas sem nunca perder as direitas nostálgicas”.

Foi perante um repleto salão nobre da Academia das Ciências de Lisboa que decorreu a apresentação do livro de Adriano Moreira A Nossa Época - Salvar a Esperança, uma sessão que contou ainda com a presença do antigo chefe de Estado Ramalho Eanes e dos ex-líderes do CDS-PP Paulo Portas e Ribeiro e Castro.

A última intervenção, como é habitual, coube a Marcelo Rebelo de Sousa, que fez questão de se penitenciar por “ter sido um pouco mais longo do que desejaria”, mas deixando claro que a “culpa” é do “autor e da sua obra” uma vez que “é impossível falar brevemente da eternidade”.

“Hoje falemos e homenageamos alguém que já é história e não precisa de se mostrar actual e só não para de intervir porque é assim que quer entrar na sua segunda eternidade, já que na primeira já entrou. Quer mostrar que até ao último segundo pensa, cria, transmite, trabalha, está vivo também do lado de cá”, destacou Marcelo Rebelo de Sousa.

Na perspectiva do Presidente da República, o advogado de 97 anos “quebrou fronteiras, socializou-se no sentido mais vasto do termo, universalizou-se, conquistou mais esquerdas sem nunca perder as direitas nostálgicas e as direitas carecidas de doutrina”.

“E acima de tudo, teve, no princípio e no fim, o patriotismo, a crença num Portugal plataformas entre culturas, civilizações, oceanos e continentes”, enalteceu.

Este patriotismo é para Adriano Moreira, segundo Marcelo Rebelo de Sousa, “incompatível com a distracção, o descaso ou a minimização do papel das Forças Armadas”.

Como Adriano Moreira “já entrou na história pátria pelo seu pé” e “as suas ideias já fizeram e fazem história na temporal intemporalidade do seu acerto e do seu apelo”, o Presidente da República optou por elencar aquilo que “nos ensina este autor”.

“Que é possível nascer do lado menos privilegiado da rua da vida e ainda assim chegar ao cume do saber, da sageza, da exemplaridade”, enalteceu.

Outra das lições de Adriano Moreira, para Marcelo Rebelo de Sousa, é que “é possível trilhar os caminhos mais inesperados ou adversos e atravessar situações antagónicas” até se chegar “à unanimidade do respeito, da admiração, do tratamento de mestre no tempo e já fora dele”.

“Que é possível fazer da determinação transmontana e pessoal um escudo invencível para exílios cá dentro e lá fora, para desencontros sistemáticos com o poder - com o poder como ato, apesar do vocacional encontro com o poder como destino - para recomeços de vida sem cessar”, afirmou.

Para o chefe de Estado, estes “desencontros com o poder” – com a excepção do cargo que ocupou como ministro do Ultramar entre 1961 e 1963 – “acabaram e acabam por preservar o pensador”, nunca envelhecem o mestre e não atingiram “com o lastro da desilusão que os factos sempre trazem à beleza das ideias”.

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