Num ano de bicicletas Jump foram percorridos mais de 4100 quilómetros por dia

As bicicletas eléctricas vermelhas começaram a circular na capital há um ano. Hoje, são 2000 e a elas juntaram-se em Novembro mais 200 trotinetes, cujo número a Jump quer triplicar. É de Águeda que saem as bicicletas que compõem as frotas das cidades europeias.

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Francisco Vilaça, director-geral da Jump em Portugal Daniel Rocha

Entrou em Lisboa há um ano com 750 bicicletas eléctricas partilhadas. Hoje, circulam nas ruas da capital 2000 bicicletas vermelhas com um modelo novo, que é produzido em Portugal. Pelo meio do caminho, chegaram ainda 200 trotinetes e a Jump prepara-se agora para triplicar esse número para oferecer um serviço “mais disponível, com maior cobertura geográfica e conseguir com isso complementar a oferta de bicicletas”, diz o director-geral da Jump em Portugal, Francisco Vilaça ao PÚBLICO. 

Lisboa foi a primeira cidade fora dos Estados Unidos onde as bicicletas da Jump, que é detida pela Uber, começaram a circular. Ao longo deste último ano, os números avançados pelo director-geral dizem que foram percorridos 1,5 milhões de quilómetros. Na prática, é como se, por dia, fossem percorridos 4110 quilómetros, distância que permitiria sair da capital e chegar a Istambul, na Turquia. 

“É um número do qual nos orgulhamos bastante e que queremos continuar a ver crescer. Queremos continuar a ajudar a cidade a cada vez mais migrar a dependência absoluta do automóvel para meios partilhados, sustentáveis”, adianta o responsável. Segundo diz Francisco Vilaça, a opção por estes meios de micromobilidade, sem emissões, em detrimento do carro, evitou a emissão de “cerca de 200 toneladas de dióxido de carbono, que são cerca de 300 carros por dia”.

Estes números, sublinha o líder da empresa no país, fazem com que Lisboa seja “uma das grandes cidades da Jump na Europa e no mundo”. Observa ainda que 70% das viagens quer nas bicicletas, quer nas trotinetes, foram feitas por “locais”, isto é, utilizadores que moram na cidade, rejeitando assim a ideia de que este tipo de transportes é utilizado mais por turistas. “Quando pegamos no padrão de utilização, 70% destas viagens são feitas no período casa-trabalho, trabalho-casa”, explicou. Estes dados, prossegue Francisco Vilaça, ajudam também a empresa a “planear” a colocação dos veículos: “Oitenta por cento dos locais onde disponibilizamos trotinetes e bicicletas estão a menos de 200 metros de uma estação de metro ou de comboio.”

“Lisboa é uma cidade cada vez mais preparada para velocípedes”

A aposta da Jump, neste momento, é triplicar as trotinetes nas ruas de Lisboa. Foi em Novembro, durante a Web Summit, que o director de produto da Uber, Manik Gupta, anunciou a entrada destes veículos na cidade. Nessa altura, havia já um elevado número de empresas a disponibilizar este serviço — chegaram a ser, pelo menos, nove —, mas a operação dava sinais de franca desorganização. A empresa sueca Voi anunciou mesmo a sua saída de Lisboa. Porquê então a aposta nas trotinetes? Francisco Vilaça diz que a trotinete e a bicicleta, em conjunto, servem propósitos e preferências diferentes: “Um utilizador de trotinete que quer andar de fato sem fazer o mínimo esforço; a bicicleta, que permite percorrer distâncias mais longas, mais rapidamente.” 

Para o responsável, o facto de a empresa dispor dos dois meios permite ter uma abrangência geográfica maior. Estes dois tipos de veículos podem ser utilizados 24 horas por dia na totalidade do território da cidade. “Permite-nos estar em mais locais e ter maior capacidade de responder aos picos de procura”, diz. 

Quando a Jump chegou a Lisboa, já muito se falava no estacionamento desordenado das bicicletas e trotinetes, o que levou a autarquia a definir uma série de zonas vermelhas onde não é permitido deixar estes veículos. “O trabalho com a câmara é contínuo. Fazemos um trabalho árduo de sugestão de locais adicionais para implementação de estacionamento, onde sentimos que há mais procura”, diz. 

A empresa diz ainda ter feito uma “campanha de sensibilização” para os utilizadores, apelando ao estacionamento correcto. “Incluímos na nossa aplicação todos os estacionamentos de bicicleta que existem na cidade de Lisboa e estamos permanentemente a actualizar”, disse. Ao mesmo tempo, nota Francisco Vilaça, “Lisboa é uma cidade cada vez mais preparada para velocípedes”, diz. “É notório que foram feitos bastantes investimentos em ciclovias, vias dedicadas, estacionamentos com planos muito ambiciosos e interessantes para uma rede funcional ciclável.” 

Bicicletas para a Europa feitas em Águeda

Uma das novidades que a Jump lançou durante o ano foi o programa de subscrição mensal piloto, que terminou no final de Janeiro, não havendo ainda resultados para apresentar, diz o director-geral. Era uma espécie de passe para utilizadores regulares das bicicletas, que tinha um preço bem mais convidativo do que os 20 cêntimos por minuto pagos por quem utilizar os veículos da empresa. Se andar 25 minutos, por exemplo, pagará cinco euros. É este um serviço caro? “Quando temos 70% dos utilizadores locais, acreditamos que é um serviço adequado às necessidades locais”, replica o responsável, admitindo que o objectivo da empresa é ser “um complemento” para a deslocação. 

Sobre se será um dia possível fazer parcerias com os transportes da cidade ou mesmo da área metropolitana, integrando por exemplo o passe Navegante, Francisco Vilaça diz que essa ideia depende de um trabalho “mais profundo” a ser feito com as autarquias, que “ainda não foi discutido de forma profunda”. ​Para já, não está previsto o alargamento a outras cidades nacionais, diz o director-geral.

Após a estreia em solo europeu em Lisboa, a Jump chegou a Berlim, Madrid, Bruxelas, Málaga, Roma, Paris, Londres, Munique e Roterdão. Esta expansão europeia foi feita com mão portuguesa. Quem anda de Jump nestas cidades anda em bicicletas eléctricas que são fabricadas em Portugal, em Águeda. A Jump não revela qual é a fábrica, e sem avançar grandes detalhes, Francisco Vilaça diz apenas que “a totalidade da frota” europeia é produzida cá.

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