Iniciativa Liberal acusa PSD de “alinhar” com “socialistas distraídos”

Isabel Moreira, do PS, considerou que João Cotrim Figueiredo foi um “chico-esperto populista”

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LUSA/MÁRIO CRUZ

O deputado da Iniciativa Liberal (IL), João Cotrim Figueiredo, acusou o PSD de “alinhar” com “os socialistas mais distraídos” ao não “denunciar” o “óbvio conflito de interesses” na hipótese de o ministro Mário Centeno vir a tornar-se governador do Banco de Portugal.

Numa declaração política no Parlamento, o deputado começou por falar de uma justiça “cega”. “Nada vê e nada sabe. ‘Nada sabe’ foi, aliás, a resposta dada mais de 40 vezes pelo primeiro-ministro ao juiz Carlos Alexandre sobre o caso de Tancos”, disse, apontando depois o dedo ao PS: “Já tínhamos o socialismo utópico, o socialismo científico, o socialismo democrático: agora temos o socialismo distraído”.

Um dos casos que apontou foi a hipótese de Mário Centeno poder vir a ser governador do regulador do sistema financeiro e aí virou se para o PSD. “Ao não denunciar este assunto, Rui Rio e o PSD alinham com os socialistas mais distraídos, um bloco central da distracção que não vê mal nenhum em nada disto”, apontou, criticando ainda o “cozinhado” dos dois partidos para a eleição dos juízes do Tribunal Constitucional (TC).

O deputado lembrou que o seu partido, pelo contrário, está de “olhos bem abertos” ao falar das prescrições de multas aplicadas aos partidos e ao pretender ouvir a procuradora-geral da República por causa do parecer que pediu ao conselho consultivo a propósito da hierarquia de poderes no Ministério Público.

A seu lado, Cotrim Figueiredo teve André Ventura, do Chega, não só pelos termos usados - “socialismo distraído é uma óptima expressão” – mas também na necessidade de rever as regras de nomeação do procurador-geral da República e da eleição de juízes para o TC.

Já o PS, pela voz da deputada Isabel Moreira, considerou a intervenção do deputado da IL “indigna” e “lastimável”. A deputada considerou que Cotrim foi “um chico-esperto populista” ao falar dos temas em geral “sem dizer grande coisa”, ao mesmo tempo que se pôs “fora do quadro constitucional” ao referir-se a casos que estão a ser julgados.

Da parte do PSD, Mónica Quintela assumiu que o partido rejeita “as imputações” que lhe foram feitas e que “não embarca em populismos”. A deputada lembrou que o líder do PSD tem insistido numa reforma estrutural da justiça e que apresentou um requerimento, aprovado em comissão, para ouvir a ministra da Justiça que tutela a entidade que gere o sistema electrónico que distribui os processos aos juízes. Na resposta, Cotrim Figueiredo insistiu e disse esperar mais “assertividade” de Rui Rio sobre a justiça e desafiou o PSD a alinhar nas propostas de alteração que anunciou.

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