Portugal e Venezuela com reunião em Genebra sobre TAP

Ter havido uma reunião presencial foi importante para os chefes das diplomacias fazerem o ponto da situação, considerou Augusto Santos Silva.

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Augusto Santos Silva MIGUEL A. LOPES

O ministro dos Negócios Estrangeiros português e o seu homólogo venezuelano, reuniram-se esta segunda-feira em Genebra, Suíça, à margem da 43.ª Sessão Ordinária do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, e uma semana após o regime de Nicolás Maduro suspender as operações da TAP.

Augusto Santos Silva explicou nesta terça-feira que durante o encontro com o ministro Jorge Arreaza apresentou o resultado do inquérito da Inspecção-Geral da Administração Interna (IGAI) “sobre as alegadas falhas de segurança no voo da TAP”, tendo-lhe comunicado o resultado que “não verificou nenhuma espécie de falha de segurança”.

Os resultados desta investigação “são muito claros ao indicar que, no aeroporto de Lisboa, na actuação quer das autoridades aeroportuárias, quer da companhia aérea TAP, não houve nenhuma violação de regras de segurança”, disse o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, aquando do anúncio da conclusão dos trabalhos da IGAI. 

Augusto Santos Silva lembrou que o trabalho diplomático “tem as suas regras, os seus tempos e tem um objectivo simples que é encontrar solução positiva para as partes”.

“Um trabalho que pode demorar o tempo que for necessário”, frisou, salientando que o facto de ter havido uma reunião presencial “foi importante porque é muito importante que os chefes das diplomacias possam fazer o ponto da situação do trabalho que estão a realizar”.

“Por seu turno, [o ministro da Venezuela] deu-me informações que tem da parte venezuelana que não coincidem com as nossas”, explicou, garantindo que foi “útil ter tido ocasião para discutir o assunto presencialmente”, considerou o chefe da diplomacia portuguesa.

“Já disse publicamente e repeti ao meu colega venezuelano, que Portugal não vai mudar a sua política externa e não vai mudar a sua política em relação à Venezuela”, sublinhou.

Santos Silva reiterou que Portugal “só tem um interesse, que é o bem-estar da comunidade portuguesa e luso venezuelana, e um objectivo, que é contribuir (...) para haver uma solução pacífica e política para a crise que a nosso ver se vive na Venezuela”.

A informação do encontro desta segunda-feira já fora publicada na rede social Twitter pelo próprio ministro das Relações Exteriores venezuelano, mas sem avançar pormenores sobre o encontro com Augusto Santos Silva.

Segundo o canal estatal Venezuelana de Televisão (VTV), os dois ministros “falaram sobre temas de interesse para ambas as nações”. “Na reunião, ambos diplomatas reiteraram a disposição de continuar a trabalhar para consolidar as relações bilaterais”, indicou a VTV,

A reunião de Genebra acontece uma semana após o Governo de Nicolás Maduro ter suspendido por 90 dias as operações da companhia aérea portuguesa na sequência de acusações de transporte de explosivos num voo oriundo de Lisboa, no qual viajou Juan Guaidó, autoproclamado Presidente interino daquele país sul-americano, e por ter ocultado a identidade deste.

O ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal considerou, há uma semana, que a decisão das autoridades de Caracas era “inamistosa” e “injustificada”. Aliás, no mesmo dia, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, repudiou a suspensão considerando-a injusta, inaceitável e incompreensível.

Um dia depois, em Lisboa, Augusto Santos Silva anunciou que não ia mudar a política de Portugal para com a Venezuela.  “A política externa portuguesa é muito estável, clara e simples, toda a gente a entende”, insistiu o ministro. “A nossa expectativa é que a Venezuela levante a suspensão, porque não há motivo”, insistiu, à margem de um almoço da Câmara de Comércio Luso-Espanhola.

A TAP reagiu à sanção imposta pelo executivo de Maduro, referindo que “não compreende” a suspensão de voos que lhe foi aplicada, garantindo que esta é uma “medida gravosa”, que prejudica os passageiros e orçando em 10 milhões de euros os prejuízos pela suspensão, por 90 dias, dos seus voos duas vezes por semana entre Lisboa e Caracas. 

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