Se não for vendida até Março, Confiança será residência universitária pública

Depois da ausência de propostas para a compra da antiga fábrica na primeira hasta pública, em 14 de Fevereiro, os possíveis investidores vão ter a última oportunidade para o fazer em 11 de Março, na segunda hasta. Se o negócio não se concretizar, a Câmara Municipal vai disponibilizar o imóvel para uma residência universitária pública, em parceria com a Universidade do Minho.

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Na primeira hasta pública, realizada no dia 14 de Fevereiro, não houve propostas de investidores. NELSON GARRIDO / PUBLICO

A venda do edifício da Confiança, enquadrada num Pedido de Informação Prévia (PIP) que contempla a oferta de alojamento universitário para 300 pessoas no local, foi aprovada há cerca de mês e meio, mas nenhum investidor privado se mostrou até agora oficialmente disponível para comprar o imóvel, como se verificou na primeira hasta pública organizada pela Câmara Municipal de Braga, em 14 de Fevereiro. A autarquia espera que a venda se concretize na segunda hasta, no dia 11 de Março, mas, caso assim não seja, já tem um plano alternativo para o espaço que acolheu a produção de sabonetes e de perfumes até 2005: o de o transformar numa residência universitária pública.

“Vamos dar oportunidade ao mercado para se posicionar na hasta pública. Se não houver interessados, a Fábrica Confiança será disponibilizada para residência universitária pública, cumprindo os processos do PIP, em parceria com a Universidade do Minho”, adiantou o presidente da Câmara, Ricardo Rio, enquanto se discutia o regulamento da próxima hasta pública na reunião do executivo municipal decorrida nesta segunda-feira.

Esse regulamento, aprovado por seis dos sete vereadores da maioria PSD/CDS-PP na autarquia, com abstenção de Lídia Dias (CDS-PP) e votos contra de PS e CDU, obriga a que os interessados apresentem, até 10 de Março, propostas em carta fechada, a partir do valor-base de 3,65 milhões de euros.

Apesar de ter considerado que a venda a privados garante uma “reabilitação mais célere” daquele edifício industrial e proporciona, além disso, um encaixe financeiro à Câmara, Ricardo Rio admitiu que a cedência gratuita do espaço à universidade minhota, com um campus que dista 600 metros do local, já foi discutida com o reitor, Rui Vieira de Castro. Se o imóvel se mantiver na esfera pública, a autarquia quer vê-lo requalificado ao abrigo do Plano Nacional de Alojamento Estudantil, documento publicado em Fevereiro de 2019, que antecipou a instalação de 216 novas camas no concelho, um número que é superado pelo PIP. Para o autarca, essa inclusão pode fazer ainda mais sentido depois do edifício da antiga Escola Secundária D. Luís de Castro ter sido excluído do programa. Se a Confiança for mesmo entregue ao Estado, Rio sabe que não vai encaixar qualquer receita imediata, mas espera reter para o município uma “parcela do rendimento gerado”.

“Gostávamos que não aparecesse ninguém”

Avessos à venda do edifício cuja traça remonta a 1921, por intervenção de José Vilaça, os vereadores da oposição mostraram-se surpreendidos com a possibilidade da Confiança ser uma residência universitária pública e exprimiram o desejo de ver a segunda hasta pública decorrer como a primeira: sem propostas. “Gostávamos, com toda a honestidade, que não aparecesse ninguém”, confessou Artur Feio, do PS. Ao mesmo tempo que considerou a residência pública uma boa opção para o espaço, por não visar somente o “lucro”, o vereador socialista realçou que a oposição de parte da sociedade civil à alienação pode estar a fazer retrair os investidores. Artur Feio criticou ainda o executivo por não ter tentado obter receitas extraordinárias com a venda de terrenos com capacidade construtiva em posse da autarquia.

Para Carlos Almeida, da CDU, a hipótese da residência pública foi vista como um “ultimato aos investidores”, depois do que aconteceu na primeira hasta pública. Convicto de que a autarquia deveria ter tentado a parceria com a universidade antes de enveredar pela venda, o vereador comunista exprimiu o desejo de ver o espaço conjugar as funções de residência e de centro cultural. “A bem da salvaguarda do imóvel, espero que efectivamente não apareçam interessados na hasta pública. Aquele espaço é muito grande e espero que também possa servir para os fins culturais a que estava destinado”, sublinhou.

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