Turismo europeu pede solidariedade com a China

Viajantes chineses devem ser bem-recebidos, apela um manifesto assinado por empresas e associações europeias ligadas ao turismo, comércio e transportes.

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LUSA/MICHELA NANA

À medida que crescem os receios com o contágio por coronavírus na Europa, várias organizações e empresas ligadas aos sectores do turismo, comércio e transportes vêm recordar que os viajantes chineses são peça chave para estas actividades no território europeu.

Num manifesto divulgado esta segunda-feira, dezenas de associações e entidades, como a plataforma de gestão de reservas de viagens Amadeus, a associação que representa as companhias aéreas Airlines for Europe, a Associação Europeia de Turismo, a Federação Europeia de Ciclismo ou a União Internacional de Turismo Rodoviário, vieram “oferecer solidariedade e apoio à China e ao povo chinês” neste momento “particularmente desafiante”.

Lembrando a importância da relação entre Europa e a China para sectores diversos como o ensino superior, o comércio, os transportes e a hotelaria, os signatários do manifesto dizem que é preciso garantir que, “neste momento difícil, os visitantes chineses são bem recebidos e respeitados” na Europa.

Seja na emissão facilitada de visas, ou na disponibilização de ofertas turísticas atractivas, “os sectores público e privados devem colaborar para garantir uma forte recuperação” do movimento turístico de cidadãos chineses na Europa.

Na semana passada, um artigo do New York Times dava conta de como as medidas de quarentena impostas por Pequim aos cidadãos chineses estão a afectar os negócios em destinos turísticos em França, Alemanha e Inglaterra.

Em Paris (onde, na semana passada, um turista chinês de 80 anos foi hospitalizado e morreu, naquela que foi a primeira morte por coronavírus na Europa), o jornal dava conta do impacto que já se sente num dos pontos comerciais mais icónicos da capital francesa, as Galerias Lafayette.

Neste espaço comercial, onde se concentram as marcas de luxo mais procuradas pelos turistas chineses, a queda de visitantes tem sido uma realidade nas últimas semanas.

“A saúde pública é a principal preocupação dos governos e reconhecemos as directrizes da Organização Mundial de Saúde”, mas quaisquer “restrições de viagem que superem essas recomendações podem causar alarme desnecessário, disrupção e impacto económico desnecessários nos vários sectores [de actividade]”, sublinha o manifesto divulgado esta segunda-feira, com o título “Turismo europeu apela à solidariedade e apoio à China”.

Os signatários – que representam sectores como as termas, os festivais, a restauração e hotelaria, as bebidas espirituosas ou o turismo rural, entre outros – pedem, por isso, que se reconheça a dimensão económica e social da crise do coronavírus e que se adopte um plano estratégico transversal para lidar com a situação e promover a recuperação dos movimentos turísticos.

Perdas para a economia asiática

Se ainda é cedo para medir os impactos da queda de turistas chineses na Europa, já há estimativas sobre quanto poderá custar a crise às economias asiáticas, onde países como o Japão e a Coreia do Sul têm visto os níveis de alerta subir com o aumento dos casos confirmados de infecção.

Segundo uma análise do banco holandês ING, a queda de receitas turísticas no continente asiático – onde 80% do turismo é intra-regional – poderá saldar-se este ano numa perda económica entre 105 e 115 mil milhões de dólares (entre 96 mil e 106 mil milhões de euros).

A análise reflecte, por exemplo, o facto de os turistas chineses desistirem de viajar para outros destinos no continente – por exemplo, a Tailândia, o Cambodja, o Vietname e o Laos –, mas também a possibilidade de os sul-coreanos, de onde provém a maioria dos cidadãos asiáticos que visitam a China, poderem restringir significativamente as viagens.

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