Português aguarda internamento no Japão, mas queria ser tratado em Portugal

Quatro cidadãos de nacionalidade portuguesa na embarcação, colocada em quarentena há mais de três semanas, tiveram testes negativos.

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Segundo o protocolo das autoridades japonesas, Adriano Maranhão irá ser transferido para um hospital de referência EPA/JIJI PRESS

O português infectado pelo coronavírus que está a bordo do navio Diamond Princess, atracado no Japão, continuava assintomático, segundo a Direcção-Geral da Saúde (DGS), e vai continuar em isolamento para prevenção. Também ontem, Marcelo Rebelo de Sousa afastou a hipótese de o trazer para Portugal. "Trazê-lo para Portugal podia ser uma temeridade para ele. Não vale a pena correr esse risco”, disse o Chefe de Estado, à margem de uma visita aos caretos de Podence, em Trás-os-Montes.

Em declarações à RTP, Adriano Maranhão manifestou vontade de ser tratado em Portugal, deixando críticas a Marcelo. “O Presidente da República não quer que nenhum infectado entre no país. Mas como ele é português eu também sou. No caso de ele ter um familiar infectado queria saber se ele não o punha na primeira hora em Portugal.”

Segundo o protocolo das autoridades japonesas, Adriano Maranhão irá ser transferido para um hospital de referência. “Foi confirmado pelas autoridades de saúde japonesas que a pessoa em causa deu teste positivo. A família está informada, assim como o próprio”, revelou ontem de manhã fonte do Ministério dos Negócios Estrangeiros numa nota enviada à agência Lusa.

Nessa nota, referia-se que o ministério está a “insistir junto das autoridades locais para que se proceda à sua transferência para o hospital de referência”, no Japão. Também ontem, Marcelo Rebelo de Sousa afastou a hipótese de o canalizador regressar a Portugal. “Trazê-lo podia ser uma temeridade para ele. Não vale a pena correr esse risco”, disse o Chefe de Estado.

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Adriano Maranhão trabalha no navio há cinco anos D.R.

Adriano Luís Maranhão, com 41 anos, faz parte da tripulação do navio há cinco anos, onde exerce funções como canalizador. Natural da Nazaré, teve conhecimento do diagnóstico às 14h de sábado. Está no navio desde o dia 13 de Dezembro. Adriano Maranhão esteve na cabine durante mais de 24 horas sem comer.

À TSF disse que recebeu comida dos colegas e que foi informado de que iria sair do navio. “A embaixada já tem conhecimento do meu caso, já falou com as autoridades japonesas, já tem o comprovativo em como é positivo e a única coisa que me disseram foi que vão tentar tirar-me daqui para um hospital local o mais cedo possível”.

Denunciou a falta de condições de segurança oferecidas à tripulação: “A máscara só foi obrigatória ao fim de dois ou três dias de começar a quarentena. Não foi logo. Os chefes proibiram-nos de usar a máscara, porque só os médicos é que poderiam autorizar a máscara. Passado uns dias, disseram que éramos obrigados a andar com a máscara. Passados dois dias, talvez, foi-nos dito que tínhamos de andar com luvas. O processo aqui foi muito lento e nem sequer usámos as protecções adequadas.”

Os outros quatro cidadãos de nacionalidade portuguesa na embarcação, colocada em quarentena há mais de três semanas, tiveram testes negativos. 

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