Com mais de 600 casos, Coreia do Sul declara alerta máximo por causa do coronavírus

Surto teve origiem numa cerimónia de uma seita religiosa em Daegu, e está a espalhar-se rapidamente. Israel está a pensar pôr 200 turistas sul-coreanos de quarentena.

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Numa paragem de metro em Seul Heo Ran/REUTERS

A Coreia do Sul declarou o mais elevado nível de alerta neste domingo, devido ao número de casos de infecção pelo novo coronavírus, que atingiu 602, com seis mortos. Mais de metade dos casos estão relacionados com uma cerimónia religiosa na cidade de Daegu, no sudeste do país, em que participou uma mulher de 61 anos, que não viajou para fora do país, mas que é considerada a paciente “zero” sul-coreana.

No sábado, havia apenas 433 infecções. O salto no número de casos desencadeou a elevação do nível de alerta, para tentar conter esta crise de saúde pública, explicou o Presidente Moon Jae-in. Desta forma, o Governo pode enviar mais recursos para Daegu e Cheongdo, designadas “zonas de cuidados especiais”, e também forçar o encerramento de actividades públicas e escolas, explica um comunicado do Ministério da Saúde.

Pelo menos 300 casos estão relacionados com a congregação de Daegu da Igreja de Jesus Shincheonji. Para as outras igrejas sul-coreanas, esta é uma religiosa que se mantém muito fechada, em que os fiéis têm de se sentar no chão, muito juntos, durante as cerimónias religiosas, descreve o New York Times, que falou com ex-seguidores deste culto. Os fiéis estão proibidos de usar óculos, ou máscaras, e têm o dever de ir à igreja mesmo que estejam doentes, diz o jornal de Nova Iorque.

“O coronavírus é mais contagioso e espalha-se rapidamente na fase inicial do surto, por isso são necessárias medidas de prevenção, considerando a possibilidade de poder espalhar-se por todo o país”, disse o ministro da Saúde, Park Neung-hoo, citado pela Reuters. “Acreditamos que um prazo de dez dias será crucial para determinar como o coronavírus se espalha.”

Os primeiros casos de coronavírus na Coreia do Sul estiveram relacionados com a China, mas o mesmo não acontece com este surto centrado em Daegu, uma cidade de cerca de 2,5 milhões de pessoas, e com Cheongdo, com cerca de 43 mil pessoas.

Os Estados Unidos elevaram o nível de alerta para viajantes que se desloquem para a Coreia do Sul – pedindo aos viajantes que evitem o contacto com pessoas doentes -, enquanto passageiros sul-coreanos que iam embarcar num voo em Telavive foram impedidos de o fazer. Isto aconteceu depois de se ter descoberto que uma excursão de 17 católicos sul-coreanos que tinham ido em peregrinação a Israel este mês tinham ficado infectados com coronavírus, disse o Centro Coreano de Controlo e Prevenção das Doenças, citado pela Reuters.

Na verdade, Israel pode pôr em quarentena 200 turistas sul-coreanos numa base militar num colonato na Cisjordânia ocupada, em Har Gilo, diz o site israelita Ynet news. Os habitantes locais saíram para a rua a protestar.

O ministro do Interior israelita, Aryeh Deri, anunciou, entretanto, a Coreia do Sul e o Japão serão adicionados à lista de países asiáticos para os quais é proibido viajar para Israel (ou de Israel para lá), por causa do coronavírus. A China e a Tailândia completam a lista.

O irão é outro país onde o número de casos de coronavírus está a aumentar rapidamente. De sábado para domingo, o número de infeções passou de 28 para 43, e há oito mortos - é o país com o maior número de vítimas mortais fora da China, onde o vírus surgiu. 

A Turquia anunciou que encerrará a sua fronteira com o Irão este sábado, para travar o possível alastrar do coronavírus. O surto iraniano tem origem na cidade santa xiita de Qom e as foram suspensas as viagens de peregrinação religiosa rumo aos santuários iraquianos, para não espalhar ainda mais o vírus. A companhia aérea Iraqi Airways suspendeu as ligações aéreas para o Irão, tal como a Kuwait Airways, já desde quinta-feira.

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