Aos 20 anos, Remco Evenepoel vence a Volta ao Algarve

O português Rui Costa fez um bom tempo no contra-relógio deste domingo e ficou perto do pódio.

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Evenepoel celebra no Algarve LUSA/LUÍS FORRA

Há poucos meses, Remco Evenepoel era apontado como a “next big thing” do ciclismo mundial. Agora, parece já não ser apenas “next”, mas apenas uma big thing. Bem actual. Neste domingo, o jovem belga venceu a Volta ao Algarve, com apenas 20 anos, poucos dias depois de ter vencido a Volta a San Juan, na Argentina. Tudo isto indica que 2020 será, provavelmente, um ano histórico no ciclismo, tal é a precocidade do sucesso do jovem belga – e tanto Evenepoel como a equipa Quick-Step não parecem dispostos a esperar mais.

No Algarve, Evenepoel partiu para o contra-relógio da última etapa vestido de amarelo e assim continuou – como, de resto, se esperava. O que não se esperava é que conseguisse superar o tempo do campeão do mundo de contra-relógio, Rohan Dennis (Ineos), na etapa deste domingo, vencendo com tamanha autoridade.

“Evenepoel pode vir a ser melhor do que eu. Este rapaz faz tudo. Olhem para ele: é bom no contra-relógio e ultrapassa toda a gente nas montanhas.” Estas palavras são de… Eddie Merckx, para muitos o melhor ciclista de sempre. E tudo isto se passou no Algarve: Evenepoel ganhou a etapa mais dura, mostrando força na montanha, na Fóia, e venceu também no contra-relógio deste domingo, mostrando valências nesta vertente, inclusivamente acima do melhor ciclista em contra-relógio do mundo.

“Estou muito contente. Já sabia que, hoje, seriam 20 quilómetros a todo o gás. Sabia cada curva e cada pormenor do percurso”, disse Remco Evenepoel, sobre a etapa. E deixou elogios à Volta ao Algarve: “Foi a minha primeira vez em Portugal e estou muito feliz por correr aqui. Bom tempo, boas estradas, uma boa corrida… estou muito feliz.”

Dia pensado para Armstrong

A etapa deste domingo foi inicialmente desenhada a pensar em… Lance Armstrong. Não para 2020, claro, mas para 2004. Foi nesse ano que o então ciclista mais mediático do mundo exigiu duas coisas para vir ao Algarve: uma unidade hoteleira de topo e um contra-relógio longo.

Foi a pensar na vinda de Armstrong que a organização da prova desenhou, então, um “crono” de mais de 20 quilómetros – longo para uma prova de apenas cinco dias e longo, sobretudo, para esta altura do ano, mais pródiga em corridas de um dia do que em contra-relógios grandes, bons para testar a forma. Em 2004, nesse “crono”, Armstrong venceu mesmo a etapa, um triunfo que lhe permitiu “roubar” a camisola amarela a Cândido Barbosa, que a vestiu nesse dia.

Hoje, o contra-relógio longo é a imagem de marca da Volta ao Algarve – e um dos motivos que traz tantos ciclistas de topo – e tudo começou em 2004. Muitos dizem, até, que foi a partir da vinda de Armstrong que a prova entrou, definitivamente, no calendário dos principais ciclistas do mundo.

O lado competitivo desta história traduz-se, ainda hoje, numa predominância de especialistas em contra-relógio a vencer a prova: desde 2010, com Alberto Contador, que não há triunfo de um corredor que não seja especialista em “crono” (e mesmo o espanhol defendia-se bem nestes percursos).

Tudo levava a crer, portanto, que nada faria Remco Evenepoel e Max Schachmann, especialistas em “crono”, perderem, neste domingo, os dois primeiros lugares da classificação. Restava saber a ordem, ainda que o belga, um dos melhores do mundo nesta vertente, partisse em clara vantagem para segurar a camisola amarela.

O belga venceu mesmo a etapa, superando o alemão e Miguel Ángel López na classificação geral, enquanto o português Rui Costa, apesar do bom tempo no “crono”, ficou à porta do do pódio.

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