Tal como a rádio e o disco colocam ao mesmo nível (e ao alcance de um público disperso no tempo e no espaço) o concerto coral-sinfónico e o recital a solo, abstraindo da grandeza ou pequenez do respectivo espaço acústico, dos decibéis atingidos e do número de executantes, também a crítica musical pode reunir no mesmo texto um evento institucional de carácter festivo e a celebração intimista dos anos de um compositor. Expliquemo-nos: ao atingir o quarto de século de existência, a Orquestra Sinfónica Portuguesa encomendou uma obra comemorativa à compositora Ana Seara (n. 1985), obra que teve agora a sua estreia absoluta no âmbito do Festival Antena 2, em conjunto com partituras assinadas por Pedro Moreira (n. 1969) e Eurico Carrapatoso (n. 1962). Dias depois, foi a vez de Miguel Azguime (n. 1960) juntar num mesmo recital algumas das suas mais recentes peças para instrumento solo, antecipando assim, com a cumplicidade da rádio pública, a comemoração do seu 60.º aniversário. A unir ambos os espectáculos esteve não apenas a gravação radiofónica, mas também a contemporaneidade musical. As diferenças artísticas entre os eventos foram, contudo, de monta.
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