Passos voltou com o vento suão, outros passos se perfilam

Começa a ficar claro, mesmo sem detergente, que nas sombras as movimentações por um novo ciclo se desenham.

Passos voltou em força. Acompanharam-no todos os pesos pesados dos seus quatro anos de empobrecimento dos portugueses. Faltou Portas. Cristas não.

Era suposto que apresentasse o livro de Carlos Moedas. O convite assim o dizia. Porém, chegado ao palco, Passos quis de modo claro e inequívoco afirmar-se como o líder da oposição. O Vento suão de Moedas parecia uma brisa doce, quietinha, serena face à tempestade desencadeada por Passos. Atacou Costa em toda a linha.

Ter-se-á esquecido que ia apresentar o livro do seu amigo Moedas ou, no seguimento do que já dissera sobre a eutanásia, veio marcar terreno e congregar as forças presentes do PSD e do CDS para os combates que se avizinham?

Passos trouxe consigo os passistas do PSD, mais alguns do CDS, a começar por Cristas, no momento em que no cenário político se agravam as contradições entre PS e os partidos da esquerda, nomeadamente PCP e BE.

O modo como os desenvolvimentos políticos acontecem vai trazendo para cima da mesa um deslizar do PS para o centro, onde Rui Rio proclama que é o seu lugar. É evidente que PS e PSD podem guerrear pelo tal centro, mas bem vistas as coisas, sendo ao centro, o que contará é saber o peso de cada um para se entenderem ou não. Por isso, Passos decidiu aparecer com toda a artilharia pesada dos quatro anos de austeridade e apresentar armas.

Não deve ser por acaso que dentro do grupo parlamentar do PSD um conjunto de deputados faça coro com Passos e Cavaco pelo referendo e contra a eutanásia. Começa a ficar claro, mesmo sem detergente, que nas sombras as movimentações por um novo ciclo se desenham.

Claro que cada um dos atores principais irá em termos de retórica ater-se ao guião, mas é bem visível que se aproxima outra fase.

Entretanto o PS saudou a abertura do CDS ao diálogo, sendo certo que Paulo Portas não esteve no lançamento da tempestade de Passos Coelho. O novo líder diz-se mais próximo de Paulo Portas. E registe-se no Congresso do PSD a aproximação do CDS com o PSD, aparecendo os dois líderes sorridentes a prometerem entendimento. Ou seja, PSD e CDS remam em sentido contrário ao do vento suão.

Por outro lado Marcelo vai a votos e quer o apoio do PS, pois é uma grande faixa do seu eleitorado. Quer uma votação maior que a anterior para aquilo que se sabe, pois será o seu último mandato com ou sem beijos e selfies.

O jogo de cintura de Marcelo que é reconhecido obriga-o a moderar ímpetos, tanto mais quanto dirigentes e quadros do PS falam numa candidatura do PS, o que a ser alguém com força e carisma ameaçará o passeio triunfal e apoteótico do mais espalhafatoso Presidente de Portugal.

Passos Coelho após ser derrotado e passar à oposição, como todos se lembrarão, ameaçou de quinze em quinze dias a vinda do diabo para estrangular a economia portuguesa. Até hoje o diabo escondeu-se, mas sabe quem o chama. E gosta de pregar partidas, mesmo aos que vivem debaixo do mesmo teto partidário. Passos parece ter decidido convidar o diabo para infernizar a vida de Rui Rio. Que o diga a tempestade do vento suão.   

O autor escreve segundo o novo acordo ortográfico

            

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