Lucro da EDP cai 1% para 512 milhões

Foi o segundo ano consecutivo de prejuízo em Portugal, anunciou hoje a companhia liderada por António Mexia. EDP Renováveis teve “resultados recorde” em 2019.

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Sara Jesus Palma

Os resultados líquidos da EDP atingiram 512 milhões de euros em 2019, menos 1% do que no exercício de 2018.

O resultado operacional bruto do grupo subiu 12%, para 3706 milhões.

Em Portugal, os resultados foram negativos em 98 milhões de euros. Foi o segundo ano consecutivo de prejuízos em território português, explicou o presidente da EDP, António Mexia, em conferência de imprensa.

A perda foi motivada essencialmente por uma imparidade relativa à central a carvão de Sines (94 milhões de euros) e à provisão relacionada com o litígio com o Estado em torno da barragem de Fridão (59 milhões de euros para acautelar eventuais perdas com um “processo longo”), adiantou o gestor.

Ainda assim, Mexia fez questão de vincar no início da sua apresentação uma mensagem que haveria de repetir mais do que uma vez: os resultados negativos em nada afectam o compromisso da EDP com Portugal, onde, segundo o gestor, estão investidos mais de dez mil milhões de euros.

Apesar dos maus resultados em Portugal (que, se não fossem a provisão e a imparidade, teriam sido positivos, embora “baixos”), 2019 foi um ano com “resultados recorde” na EDP Renováveis (lucro de 475 milhões de euros, em alta de 52%), no Brasil (um aumento de 5% para cerca de 284 milhões), destacou o presidente da empresa.

O ano passado fica para a história como um ano de “boa performance e de boa capacidade de entrega dos compromissos” que a empresa assumiu no seu plano estratégico, sublinhou o presidente da EDP, António Mexia, em conferência de imprensa.

Um deles, foi a venda de activos para redução do endividamento (ainda que este, em 2019, tenha subido 3% para 13.827 milhões), que está à espera de concretização com a venda de seis barragens no Douro ao consórcio francês liderado pela Engie.

Os dossiês para análise deste negócio de dois mil milhões de euros foram entregues ao Estado e agora há que aguardar enquanto decorre o processo administrativo, explicou. Temos “11 meses para concretizar a operação de alienação dos activos, penso que é tempo suficiente”, acrescentou Mexia.

O gestor garantiu que tanto a EDP como o comprador já apresentaram aos autarcas das regiões onde se situam as barragens “um projecto industrial claro, ambicioso e de longo prazo” para aquelas infra-estruturas a Norte.

Já para Sul, o presidente da EDP voltou a repetir a mensagem sobre a central a carvão de Sines: só fica aberta enquanto tiver receitas suficientes para suportar a operação.

No ano passado funcionou menos horas e, neste, é provável que funcione ainda menos, porque não é competitiva face aos preços da produção eléctrica com gás natural.

“Há uma decisão política” de encerrar a central em 2023, mas “a data será condicionada à capacidade da central de gerar caixa para pagar os seus custos”.

Questionado sobre as declarações recentes do secretário de Estado da Energia dos Estados Unidos, Dan Brouillette, sobre receios quanto à presença da China Three Gorges no capital da EDP, António Mexia sublinhou que “a EDP é importante para os Estados Unidos” e que isso “é reconhecido e apreciado”.

Mexia sublinhou que a empresa já investiu mais de dez mil milhões naquele mercado e que considera que estão “criadas as condições” para que o investimento e o crescimento não sejam afectados.

Lembrou que, da potência renovável nova que o grupo tem assegurada com contratos de venda de energia de longo prazo (que representam um fluxo de receitas previsíveis), cerca de metade está nos Estados Unidos.

No ano passado, a América do Norte (essencialmente os Estados Unidos) contribuiu com 615 milhões de euros para o resultado operacional bruto da EDP Renováveis (uma queda de 6% face a 2018).

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