Portugal não muda de política para com a Venezuela, garante Santos Silva

A pressão de Caracas não altera posição da diplomacia portuguesa, que é estável , clara e simples, disse ministro dos Negócios Estrangeiros.

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Pressão venezuelana não tem efeito sobre Portugal LUSA/TIAGO PETINGA

Portugal não vai mudar de política para com a Venezuela, garantiu esta quarta-feira, em Lisboa, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva. O chefe da diplomacia portuguesa falava à margem de um almoço da Câmara de Comércio Luso-Espanhola, em Lisboa.

“Se alguém pensa que esta é uma maneira de pressão para Portugal mudar de política para com a Venezuela, está muito enganado”, disse Santos Silva, referindo-se à suspensão, por 90 dias, dos voos bissemanais da TAP entre Lisboa e Caracas decretada no passado domingo pelas autoridades venezuelanas.

“A política externa portuguesa é muito estável, clara e simples, toda a gente a entende”, insistiu o ministro. “A nossa expectativa é que a Venezuela levante a suspensão, porque não há motivo”, insistiu.

Recorda-se que o Presidente da Assembleia Constituinte, afecto ao regime chavista, Diosdado Cabello, lançou um repto, depois de Portugal, há pouco mais de um ano, ter sido um dos 50 países que reconheceram a legitimidade de Juan Guaidó como Presidente para preparar eleições. “Aqui há um Presidente que se chama Nicolás Maduro Moro, não há outro Presidente, não há”, disse Cabello.

Esta quarta-feira, Augusto Santos Silva assegurou que Lisboa não mudou de posição. Como o PÚBLICO noticiou, não tem sido essa a posição de alguns países com especiais interesses na Venezuela, como a Espanha que, com o novo executivo, alterou a linguagem face a Juan Guaidó. De “Presidente encarregado” à convocatória das eleições, passou a ser mencionado como “líder da oposição”. Uma alteração não isenta de polémica e justificada pelo facto do socialista Pedro Sánchez governar em coligação com o Podemos, acusado de ter tido contactos e beneficiado de financiamento do regime de Hugo Chávez.

Sob a suspensão dos voos da TAP, o ministro dos Negócios Estrangeiros reiterou que a expectativa é que aquela medida seja levantada.“As autoridades da Venezuela que decidiram suspender os voos provocam dificuldades e prejuízos à comunidade portuguesa e ao povo venezuelano”, disse. “A TAP é uma das raras linhas de aviação que mantêm rotas para Caracas”, recordou.

“Não há provas das acusações [de transporte de material explosivo por parte do tio de Juan Guaidó, Juan José Guaidó, também embarcado no voo TP 173 de Lisboa-Caracas]”, referiu Santos Silva. “A TAP não foi inquirida nem ouvida, apenas existem os inquéritos abertos pelas autoridades portuguesas”, reiterou.

“É a hora da diplomacia trabalhar”, insistiu o governante. "A decisão é das autoridades venezuelanas”, concluiu. 

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