José Mourinho na Champions para “caçar sem balas”

Sem Harry Kane e sem Son, os dois jogadores mais decisivos do Tottenham, o treinador português mostrou-se devastado. “Às vezes, estive preocupado em não ter opções de ataque no banco, mas, agora, é em não ter opções de ataque em campo”, disparou.

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Mourinho no treino pré-Leipzig Reuters/ANDREW BOYERS

Esta quarta-feira de Liga dos Campeões não é das mais palpitantes em matéria de mediatismo dos jogos, mas há, pelo menos, um jogo indicado para os portugueses: José Mourinho e Gedson estarão em acção com o Tottenham, frente ao RB Leipzig, uma das equipas que colaborou na eliminação do Benfica na fase de grupos. Uma “vingança à portuguesa” não é, porém, um cenário fácil de ver, já que o treinador português está desafiado a ir “caçar sem balas”.

Em 2018/19, o inglês Kane somou 24 golos e seis assistências e o coreano Son somou 20 golos e dez assistências. Em dueto ou individualmente foram, de longe, os principais jogadores do Tottenham que chegou à final da Liga dos Campeões. Agora, Mourinho não os tem.

Se Kane já era baixa há algumas semanas, as últimas horas confirmaram que Son não jogará mais nesta temporada. Sem as duas principais “balas”, a tarefa de Mourinho começa a parecer pouco menos do que heróica.

“A situação não poderia ser pior. Às vezes, estive preocupado em não ter opções de ataque no banco, mas, agora, é em não ter opções de ataque em campo. Sem atacantes, sem mercado, sem jogadores, nada. A única ajuda, agora, são os nossos adeptos”, disse o técnico, na antevisão do jogo.

Para piorar o cenário, o Tottenham enfrenta um adversário de respeito. O RB Leipzig, em estreia nos “oitavos”, chega a esta fase como vencedor claro do grupo G e procura, mais do que um lugar esporádico nas rondas a eliminar, cimentar-se como equipa de primeira linha europeia – o projecto da Red Bull delineou-o a curto e médio prazo.

Há, também, outro pormenor relevante: ao contrário do Tottenham, mais “magro” nas soluções, a equipa alemã contratou o jovem espanhol Dani Olmo, craque que trouxe maior criatividade ao último terço de Julian Nagelsmann e que se junta a Timo Werner, já autor de 23 golos na época.

Poucos motivos de alegria para José Mourinho, que, porém, pode agarrar-se ao presente: o RB Leipzig está no pior momento da temporada, com um triunfo nos últimos cinco jogos, enquanto o Tottenham vem da melhor série da época, com três vitórias seguidas e sete jogos sem perder. Mais: enquanto os ingleses olham para a Champions como salvação de uma temporada já perdida a nível interno, os alemães estão em plena luta pelo título na Bundesliga – e nada fará crer que Nagelsmann coloque a Europa acima do título germânico.

Este jogo traz, também, outro ponto interessante: o estilo. Haverá, num lado, um Tottenham sempre expectante, pouco preocupado em remeter-se à zona defensiva e capaz nas transições - algo que poderá ser ainda mais verdade pela falta de opções de ataque.

No outro lado, um Leipzig adepto da posse de bola, da pressão alta, da povoação da área adversária e das trocas posicionais na zona ofensiva. E as estatísticas não permitem mentir: os alemães são a quinta equipa das 32 que começaram a prova com mais tempo passado no último terço adversário e são a quarta com mais remates por jogo.

Atalanta à procura do sonho

No outro jogo do dia estará mais um estreante em jogos a eliminar. A Atalanta, que nunca chegou a esta fase, recebe o Valência, de Gonçalo Guedes e Thierry Correia, naquele que será o duelo menos mediático dos oitavos-de-final da Champions.

O estilo de jogo dos italianos, sempre focados no ataque, pode, no entanto, dar um colorido interessante a esta eliminatória. Gasperini, treinador dos italianos, mostrou o quanto esta partida é importante para a Atalanta, que jogará em San Siro, num estádio bastante maior do que o de Bérgamo.

“Poder jogar para tantos adeptos, num estádio como San Siro, é algo que aguardamos há muito tempo. A Liga dos Campeões é um sonho que queremos levar até onde for possível. Quase toda a cidade de Bérgamo vai viajar para Milão”, disse o técnico italiano.

O sonho da Atalanta parece ter chegado no momento certo: o Valência não é um “tubarão”, não vence há três jogos e a tem a equipa desfalcada por lesões. Para a Atalanta, o momento é este.

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