Loures não desarma: o metro é “inadiável” para o concelho

Câmara de Loures volta a pressionar o Governo para tomar decisões sobre expansão do Metro de Lisboa. Se não entrar no próximo quadro comunitário de apoio, o investimento pode “atrasar uma década ou mais”, diz Bernardino Soares.

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Bernardino Soares foi à residência oficial do primeiro-ministro LUSA/ANDRÉ KOSTERS

Há pouco mais de um ano, o presidente da Câmara de Loures escreveu uma carta ao primeiro-ministro a pedir-lhe que prolongasse a rede do Metro de Lisboa naquele concelho, argumentando que “a oferta de transporte público tem de ser desenvolvida face às necessidades metropolitanas e não as de um ou outro município”.

Um ano passou e a reivindicação mantém-se. Ainda antes de o Parlamento ter decidido suspender o projecto da linha circular, há duas semanas, Bernardino Soares já tinha pensado em deslocar-se a São Bento para entregar nova carta a António Costa. Fê-lo esta segunda-feira, acompanhado de uma comitiva em que também estavam pessoas de Odivelas. “É o único corredor da Grande Lisboa que não tem transporte pesado eficaz”, resume o autarca.

A nova missiva vem acompanhada de um vídeo em que se alega que, todos os dias, mais de 100 mil automóveis se deslocam dos concelhos de Mafra e Loures para Lisboa, emitindo qualquer coisa como 400 toneladas de dióxido de carbono. “Não podemos só fazer discursos sobre sustentabilidade ambiental e não tomar decisões”, diz Bernardino, acreditando que a extensão do metro em Loures terá “um impacto muito positivo a montante, mas também em Odivelas e Lisboa” por via do descongestionamento do trânsito.

Actualmente, a linha amarela do metro liga Odivelas ao Rato e a linha vermelha tem uma estação em Moscavide, a única que serve o concelho de Loures. A autarquia reclama o prolongamento da linha amarela até Santo António dos Cavaleiros, Loures e Infantado e da linha vermelha até à Portela e Sacavém.

Há duas semanas, na votação do Orçamento do Estado, o Parlamento aprovou a suspensão da construção da linha circular, que visa ligar as actuais linhas amarela e verde via Rato, Estrela, Santos e Cais do Sodré. Ao mesmo tempo, pediu ao Governo que estude o prolongamento da rede até Loures. Como o Orçamento ainda não foi promulgado nem publicado em Diário da República, o processo ainda não parou definitivamente.

Sem se querer imiscuir nessa discussão, Bernardino Soares diz que, seja comboio subterrâneo ou de superfície, é “inadiável” tomar decisões sobre Loures, até porque “em Portugal, grandes infra-estruturas só se fazem com fundos comunitários” e é agora que se escolhe que projectos entram no próximo quadro de apoio. A Área Metropolitana de Lisboa já fez saber que todo o dinheiro europeu que vier será aplicado em transportes e Fernando Medina, o seu presidente, também já afirmou que o corredor de Loures é prioritário.

Mas, lembra Bernardino, até hoje “ninguém perguntou à área metropolitana sobre os desenvolvimentos no Metro de Lisboa” e “a última palavra é do Governo”. Se não se inscrever no próximo quadro comunitário de apoio, este investimento pode “atrasar uma década ou mais”, alerta.

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