“A carga fiscal é que está a enviesar todo este processo”, diz Frente Sindical

Frente Sindical aponta exemplos de casos em que os trabalhadores recebem menos salário líquido com os aumentos salariais de 0,3%.

Foto
Helena Rodrigues, presidente do Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado (STE) Mario Lopes Pereira

A Frente Sindical liderada pelo Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado (STE), da UGT, acusa o Governo de ter anunciado aumentos de 0,3% da Função Pública que, em alguns casos, representam um aumento da carga fiscal, e que por isso não se traduzem em aumentos líquidos significativos. “A carga fiscal é que está a enviesar todo este processo”, considera a presidente do STE, Helena Rodrigues. Para a Frente Sindical este "parece um Excel do ex-ministro das Finanças, Vítor Gaspar” e por isso a carga fiscal deverá ser alterada.

Para a reunião, a Frente Sindical levou cinco páginas com propostas. Para os jornalistas, anexou um documento: a tabela de remunerações aplicada a um técnico superior com dois dependentes que recebem mais de 1200 euros. Os trabalhadores que agora recebem 1201,48 euros brutos (884,29 euros líquidos) passam, depois do aumento de 0,3%, a receber 1205,1 (888,15 euros). Isto é, em termos líquidos, estes trabalhadores recebem mais 3,86 euros por mês. A tabela prolonga-se até 1900 euros líquidos, salário que, com o aumento de 0,3%, sobe até aos 1909,82 euros. Assim, um trabalhador deste escalão vê o seu salário aumentar 9,98 euros por mês.

Para a Frente Sindical, esta subida entre 3,86 euros e os nove euros mensais é insuficiente. “As pessoas insistem que preferem outros complementos, como a recuperação de dias de férias ou o aumento do subsídio de alimentação”, insiste a presidente da STE. 

Na lista de propostas que Helena Rodrigues levou para a reunião com o secretário de Estado da Administração Pública estão também o aumento dos salários em 2% e da Tabela Remuneratória Única (TRU) e o aumento do subsídio de refeição para dez euros (a Fesap pede aumento para seis euros e a Frente Comum pede para 6,5 euros).

Em relação aos sinais de abertura para a negociação de dias de férias dada pela ministra da Modernização do Estado e da Administração Pública, Helena Rodrigues avisou que não bastará o aumento de dias de férias para chegar a um acordo com a Frente Sindical. “Nós não compramos dias de férias. Não trocamos remuneração por dias de férias”, disse.

As reuniões entre o Governo e os sindicatos da Administração Pública arrancaram logo na manhã desta segunda-feira. Depois da Fesap, o secretário de Estado da Administração Pública, José Couto, esteve reunido com a Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública da CGTP. À tarde, o Governo recebeu a Frente Sindical (UGT).

Em comunicado, o Governo afirma que existe “abertura para analisar as contrapropostas apresentadas pelos sindicatos dentro da margem orçamental disponível, tanto para 2020 como para os anos seguintes, numa lógica de faseamento”.

O gabinete da Modernização do Estado e da Administração Pública irá analisar até quarta-feira todas as contrapropostas apresentadas pelos sindicatos. No entanto, numa primeira análise, considera que estas contrapropostas “são mais exigentes do ponto de vista orçamental do que as inicialmente apresentadas”.

Sugerir correcção
Ler 1 comentários