Famalicão empata frente ao último: a crise veio para ficar

O empate entre Famalicão e Aves impede os famalicenses de se aproximarem do Sporting, na luta europeia, e permite ao Aves ganhar um ponto importante na luta pela permanência.

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Martínez e Buatu em duelo neste domingo LUSA/OCTAVIO PASSOS

Sete jogos consecutivos sem vencer, os mesmos sete a sofrer golos e, uma vez mais, “assalto” falhado aos lugares europeus. É esta a vida do “novo” Famalicão, em plena crise de resultados e bem diferente do “velho” Famalicão, o que prometia fazer frente aos “grandes”.

Neste domingo, a equipa nortenha empatou a um golo, frente ao Aves, com um golo nos descontos, um resultado que impede os famalicenses de se aproximarem do Sporting, na luta europeia, e que permite ao Aves, o último classificado do campeonato, somar um ponto importante na luta pela permanência. Tudo fruto de um jogo muito chuvoso que cunhou a diferença clara entre querer muito e querer bem – no futebol, estão longe de ser sinónimos.

A primeira parte ficou definida e dividida por um episódio: a saída de Ivo Pinto, por lesão. No primeiro quarto de hora, o Aves mostrou saber da apetência famalicense para perder bolas na zona de construção e, com uma pressão alta, colocaram em sentido a equipa da casa. Uma primeira recuperação colocou Mohammadi na cara do golo, aos 7’ – defendeu Vaná – e uma segunda colocou novamente o avançado isolado, aos 11’ – desta feita, com remate torto.

O Famalicão mostrava-se não só errático na construção como cansado e passivo a defender – jogadores sempre atrasados a chegar ao portador da bola –, mas isso mudou. Aos 12’, com a saída de Ivo Pinto, João Pedro Sousa colocou Roderick e o Famalicão começou a jogar praticamente num sistema de três centrais, projectando Coly no corredor esquerdo e colocando Patrick na meia direita da defesa, fazendo simultaneamente de lateral-direito e terceiro central.

Esta variação na construção confundiu o método, as referências e o jogo de pares do Aves na pressão e o Famalicão começou a construir desde trás com tranquilidade e, sobretudo, com linhas de passe abertas.

Aos 22’, Gustavo Assunção rematou de fora da área. Aos 27’, Pedro Gonçalves fez o mesmo dentro dela. Aos 28’, um grande passe de Racic deu uma oportunidade a Diogo Gonçalves. Aos 43’, Pedro Gonçalves rematou para corte de Buatu perto da linha de baliza.

Organizando com tempo e espaço e variando o lado do jogo com facilidade, colocando Fábio Martins e Pedro Gonçalves mais em jogo, o Famalicão tomou conta da partida, com quase 80% de posse de bola, e criou, tal como o Aves já tinha criado, as suas oportunidades. Duas equipas com métodos diferentes, mas iguais no desperdício.

Na segunda parte, o Famalicão veio, estranhamente, num 4x4x2 semelhante ao que trouxe no início do jogo, com Patrick como lateral direito declarado. O Aves, com dois homens na pressão, voltou a condicionar a saída do Famalicão e o jogo voltou a estar mais mastigado e com mais perdas de bola e passes de parca probabilidade de sucesso do que boas jogadas.

A aparente má leitura de João Pedro Sousa tirou o jogo ao Famalicão e, num registo de maior luta, o Aves equilibrou forças: aos 49’, Welinton e Estrela quase marcaram para o Aves e, aos 62’, Vaná cometeu penálti sobre Welinton. Converteu o avançado, adiantando um Aves que ainda teve uma oportunidade clara para o 2-0, aos 76’.

Já reduzido a dez (Fábio Martins foi expulso), o Famalicão conseguiu, merecidamente, o empate na última jogada do jogo, aos 90+5’, com cabeceamento de Riccieli e “ajuda” do guarda-redes Beunardeau, mas tira apenas um ponto de um jogo em que abriu mão do que lhe tinha dado o domínio na primeira parte e deixou a partida ir para o que o Aves queria – um “taco a taco” mais físico. O Aves não quis tanto como o Famalicão, que fez por merecer pontos, mas quis melhor. E por pouco não tirou mais do que um ponto deste jogo.

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