Marcelo elogia singularidade de Goa “sem nostalgia” e “sem complexos”

O Presidente da República chegou neste sábado a Goa, onde disse sentir-se em casa, e elogiou o cruzamento de culturas que a torna “tão singular”.

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LUSA/ESTELA SILVA

O Presidente da República chegou neste sábado a Goa, onde disse sentir-se em casa, e elogiou o cruzamento de culturas que a torna “tão singular”, defendendo que é motivo de orgulho, “sem nostalgia” e “sem complexos”.

Marcelo Rebelo de Sousa deixou esta mensagem, primeiro em inglês, e depois em português, após assistir a parte de um colóquio sobre requalificação urbana, num antigo palácio em Pangim, a capital do estado de Goa, durante a sua visita de Estado à Índia.

Numa intervenção em inglês, o chefe de Estado considerou que as pessoas actualmente valorizam sobretudo as diferenças de cada lugar, e em seguida observou: “Goa, dentro da Índia, é tão específica, tão diferente, um lugar tão singular, um diálogo tão singular - onde encontramos o futuro, não encontramos o passado”.

“Não podemos ter uma visão nostálgica de nada em lugar nenhum. É assim que sinto a minha chegada a Goa, não nostálgica. Porque o passado é o passado, e o tempo não volta para trás. Mas o passado pode tornar-se futuro, se aproveitar o passado e o presente”, acrescentou.

O Presidente da República manifestou “orgulho, sem nostalgia” na herança cultural portuguesa em Goa, como em Damão e Diu, e também na influência da Índia em Portugal: “Na minha cultura, a cultura portuguesa, na minha história, a história portuguesa, na sobrevivência da minha nação”.

“Porque nós somos o que somos porque tivemos em certo momento a influência da vossa matemática, da vossa aritmética, dos vossos cálculos”, acrescentou.

Marcelo Rebelo de Sousa sustentou que “não há culturas ou civilizações de primeira e de segunda classe, todas são de primeira classe” e terminou este discurso dizendo que se sente “em casa na Índia e especificamente aqui em Goa”.

“Eu tive a ocasião de dizer que nos orgulhamos da tradição cultural, da herança cultural que deixámos - e eu referi Goa como referi Damão e Diu -, como também nos orgulhamos de uma influência provinda da Índia muito importante na nossa cultura, na nossa ciência”, repetiu, depois, em português, aos jornalistas.

O Presidente da República reiterou que “estes cruzamentos devem ser vistos sem nostalgia” e “sem complexos no aproveitamento do passado virado para o futuro”, realçando novamente a singularidade de Goa ou, por outras palavras, o seu “microclima específico”.

“Essa diferença enriquece a própria Índia, e por isso é muito gratificante aqui vir e aqui assistir a que essa tradição não é uma nostalgia, não é uma realidade que está a morrer - não, é uma realidade que se está a enriquecer, virada para o futuro”, declarou.

Portugal e a Índia têm uma ligação histórica com mais de 500 anos, que remonta à chegada do navegador Vasco da Gama ao subcontinente, em 1498.

As relações diplomáticas estiveram cortadas durante perto de vinte anos, no período do Estado Novo, e foram restabelecidas após o 25 de Abril de 1974, quando Portugal reconheceu a plena soberania da Índia sobre os antigos territórios portugueses de Goa, Damão, Diu, Dadrá e Nagar Aveli.

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