Foi mesmo Rosa Grilo a empunhar arma que matou marido, escreve juíza

Sentença do caso já não deverá ser lida na próxima terça-feira. Se não for conhecida até final de Março, viúva do triatleta terá de ser libertada.

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ANTÓNIO PEDRO SANTOS/LUSA

A juíza que dirige o julgamento em que Rosa Grilo responde pelo homicídio do marido diz que foi mesmo a arguida a empunhar a arma do crime. A notícia foi confirmada pelo PÚBLICO junto da advogada da mulher do triatleta, Tânia Reis. A leitura da sentença do caso está marcada para a próxima terça-feira, mas é provável que venha uma vez mais a ser adiada.

Há cerca de um mês a magistrada havia anunciado algumas alterações não substanciais à acusação do Ministério Público. Mas não a parte em que o amante de Rosa Grilo, o oficial de justiça António Joaquim, era acusado de ter pegado na arma e disparado. Porém, a juíza veio agora a revelar através de um despacho que, graças a um lapso informático, não ficou registado também nessas alterações que afinal foi a arguida a autora dos disparos. “A alteração da acusação coloca-a como autora material do crime”, confirma a advogada, que quer agora, perante este cenário, que sejam ouvidas mais testemunhas no julgamento.

Tânia Reis discorda de estes novos factos poderem ser considerados também uma alteração não substancial, como estipulou o Tribunal de Loures.

António Joaquim foi entretanto libertado por ordem do tribunal, apesar de não se ter esgotado o prazo máximo de prisão preventiva – o que, para várias fontes ligadas ao processo, indicia que os juízes e os jurados do caso se preparam para o ilibar do homicídio de Luís Grilo, que o Ministério Público entende que os amantes cometeram para se apropriarem do dinheiro de vários seguros que o triatleta tinha. A sentença começou por estar marcada para 10 de Janeiro, mas veio a ser alterada para 18 de Fevereiro por causa da alteração substancial dos factos.

O funcionário judicial sempre negou ter sabido o que quer que fosse do homicídio. Já o Ministério Público entende que Rosa Grilo não tinha força suficiente para, sozinha, transportar o corpo do marido do quarto de hóspedes da casa onde moravam e onde foi morto no Verão de 2018, em Cachoeiras, no concelho de Vila Franca de Xira, para o interior do carro. O cadáver do engenheiro informático foi encontrado 39 dias depois do seu desaparecimento a mais de 140 quilómetros da localidade onde o casal vivia, no concelho de Avis. Sem roupa e com um saco enfiado na cabeça. 

Rosa Grilo alega que o marido foi morto por traficantes de diamantes angolanos de que era cúmplice e justifica o facto de nunca ter contado isso às autoridades por temer que lhe fizessem mal a ela e ao filho. O prazo da prisão preventiva da arguida acaba no final de Março. Se até lá não for proferida a sentença terá de ser libertada.

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