“Investimento chinês na EDP pode apresentar problemas” para EUA

Em Lisboa, Dan Brouillette, secretário de Estado da Energia do EUA, fez alertas ao accionista chinês do grupo de energia português, que tem presença em território norte-americano

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Dan Brouillette esteve esta quarta-feira no Terminal XXI do Porto de Sines Reuters/RAFAEL MARCHANTE

O secretário da Energia dos Estados Unidos, Dan Brouillette, afirmou hoje em Lisboa que “o investimento chinês na EDP pode apresentar problemas” de segurança aos Estados Unidos devido à presença da empresa no país.

“A preocupação que há é que à medida que a EDP continua a crescer nos Estados Unidos - que nós esperamos que continue - a presença do investimento chinês na EDP possa apresentar problemas (...), e isso é o que iremos avaliar”, disse o secretário da Energia do Governo do presidente Donald Trump.

Num encontro com jornalistas num hotel de Lisboa, o governante americano afirmou que a abordagem chinesa é a de “roubar propriedade intelectual”, algo que “apresenta um risco para a rede de electricidade dos Estados Unidos ou para a Defesa Nacional” norte-americana.

Dan Brouillette referiu ainda que caso a Oferta Pública de Aquisição (OPA) da China Three Gorges sobre a EDP tivesse avançado em 2019, isso poderia “potencialmente” comprometer a presença da EDP, através da EDP Renováveis, nos Estados Unidos, mas não fez comentários directos sobre a oferta.

Porém, o responsável pelo sector da Energia da administração Trump classificou a EDP de “empresa fantástica”, e manifestou o desejo de ver “empresas americanas” a investir no grupo liderado por António Mexia, dizendo que a companhia portuguesa “lidera em muitos aspectos” na indústria.

Em 24 de Abril, os accionistas da EDP chumbaram a alteração dos estatutos para acabar com a limitação dos direitos de voto a 25% do capital, pondo fim à OPA da China Three Gorges (CTG) quase um ano depois. A OPA feita à EDP pela CTG, empresa estatal chinesa que já detém 23,27% da eléctrica portuguesa, foi anunciada em Maio de 2018 e previa uma contrapartida de 3,26 euros por acção.

O secretário da administração liderada por Donald Trump esteve na quarta-feira em Sines, onde visitou as instalações do porto local, juntamente com o ministro das Infraestruturas e Habitação, Pedro Nuno Santos, onde disse que “há interesse americano” nas infra-estruturas portuguesas.

Dan Brouillette segue agora para a conferência de segurança de Munique, na Alemanha, onde planeia encontrar-se com responsáveis de França e Espanha para discutir o cancelamento do projecto de um gasoduto para exportar gás de xisto para a Europa a partir de Sines, que foi chumbado pelos dois países.

“Vou pedir reuniões. Estou interessado particularmente na decisão de abandonar o gasoduto Mid Cap da lista de projectos. Quero perceber o porquê dessa decisão ter sido tomada, para perceber as possíveis preocupações que possam [França e Espanha] ter tido”, afirmou o secretário da Energia dos Estados Unidos.

O membro da administração de Donald Trump salientou ainda que apesar de os Estados Unidos terem interesse em exportar gás natural liquefeito para Portugal, através de Sines, “é importante que continuem” as importações portuguesas de energia a países como Argélia, Nigéria e outros.

“Não estamos a sugerir que o desenvolvimento desta infra-estrutura seja só para importar gás natural liquefeito dos Estados Unidos”, referiu.

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