Salários reais na Alemanha voltaram a subir em 2019

Pelo sexto ano consecutivo, os salários cresceram mais que a inflação na Alemanha. Um ganho de poder de compra que pode ajudar a economia da zona euro

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Fábrica da Porsche, na Alemanha Reuters/Ralph Orlowski

Os salários reais na Alemanha registaram em 2019 o sexto ano consecutivo de subida, mais um passo, embora moderado, para reforçar a procura interna da maior economia da zona euro.

A forte dependência das exportações e o contributo relativamente reduzido que a procura interna alemã tem para o crescimento da generalidade das economias da zona euro tem sido, desde há muito tempo, uma das questões mais discutidas quando se fala da economia alemã.

Para além do reduzido nível do investimento, um dos problemas assinalados é a forma lenta como têm vindo a crescer os salários na Alemanha, mesmo tendo em conta o ritmo forte registado na economia e os níveis mínimos históricos em que se encontra a taxa de desemprego.

Ainda assim, revelou esta quarta-feira o instituto responsável pelas estatísticas oficiais na Alemanha, os salários voltaram, durante o ano passado, a crescer a um ritmo superior à inflação.

A variação nominal média dos salários foi de 2,6% em 2019, um valor que supera em 1,2 pontos percentuais a inflação de 1,4% registada no ano passado. Este aumento real médio de 1,2% nos salários representa um ligeiro abrandamento face aos 1,3% verificados em 2018.

Este aumento do poder de compra pode constituir uma ajuda para impulsionar a procura interna na Alemanha, um desenvolvimento que se tem tornado ainda mais crucial para a maior economia da zona euro (e para as restantes economias também) tendo em conta a conjuntura menos positiva que se tem vivido no comércio internacional.

A política mais proteccionista seguida pelos Estados Unidos (que inclui ameaças de novas taxas alfandegárias sobre produtos importados da UE) e a saída do Reino Unido da UE têm vindo a penalizar as exportações alemãs e a colocar a economia muito próximo de uma recessão. Tem sido precisamente um desempenho mais favorável da procura interna que tem evitado a concretização de um cenário mais negativo.

Dados também publicados esta quarta-feira, assinalam que as exportações de bens alemães registaram em 2019 um crescimento de apenas 0,8%, um abrandamento face aos 3% de 2018 e os 6,2% de 2017. O excedente comercial face aos EUA, que tantas críticas tem recebido de Donald Trump, reduziu-se ligeiramente de quase 49 mil milhões de euros para 47 mil milhões.

Para outros países da zona euro, como Portugal, um reforço da procura proveniente da Alemanha, que está há largos anos entre os três principais clientes das exportações nacionais, seria um contributo muito positivo para o crescimento da economia.

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