Novo crédito para compra de casa atinge recorde de mais de uma década

Só em Dezembro, bancos emprestaram mais de mil milhões para compra de casa. Taxas de juro estão em mínimos históricos.

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Acesso ao crédito facilita compra de casa Nelson Garrido

Os empréstimos às famílias portuguesas, para compra de casa e de bens ou serviços, registaram níveis recordes no último ano. Os dados de Dezembro, divulgados esta terça-feira pelo Banco de Portugal, reforçaram esse ritmo, especialmente no crédito à habitação, segmento em que os novos empréstimos totalizam 1117 milhões de euros, um recorde mensal desde a crise financeira internacional iniciada em 2008.

À semelhança dos últimos anos, a taxa de juro média manteve a tendência de descida ao longo de 2019, tendo-se fixado em 1,10% em Dezembro, ligeiramente acima dos 1,05% de Novembro, mas bem abaixo dos 1,41% registados em período homólogo, ou seja, em Dezembro de 2018.

As taxas praticadas em Portugal estão abaixo da média praticada na zona euro, que se fixou em 1,42% em Dezembro.

No acumulado do ano, as novas operações de crédito à habitação, ascenderam a 10,6 mil milhões de euros, um recorde anual de mais de uma década.

O stock total de empréstimos para compra de habitação fechou o ano em 93.290 milhões de euros, acima dos 93.015 milhões de euros de Dezembro de 2018. Esta evolução acontece numa altura em que as amortizações de crédito antigo estão a acontecer a um ritmo mais acelerado, por causa das taxas de juro em valores negativos.

O crédito ao consumo também acelerou em 2019, o que levou o Banco de Portugal a criar novos travões, para proteger os bancos e as famílias.

No acumulado do ano, os bancos concederam cerca de 7,5 mil milhões de euros de novo crédito ao consumo e para outros fins (saúde, educação e outros), representando máximos históricos.

Neste segmento, as taxas de juro médias também têm vindo a cair, fixando-se em Dezembro nos 6,58%, praticamente igual aos 6,77% registados em período homólogo do ano anterior.

Face à media das taxas na zona euro, os valores cobrados aos consumidores portugueses ficam 100 pontos base acima. A taxa de juro média destes empréstimos fixou-se em Novembro (ultimo mês disponível) nos 5,58%.

Em sentido inverso ao dos particulares, o crédito às empresas continuou a diminuir. O stock de crédito neste segmento somava perto de 67.123 milhões de euros, ficando aquém dos 68.153 milhões de euros do mês anterior e dos 69.590 milhões de euros de Dezembro de 2018.

O aumento acelerado de crédito ao consumo concedido pelos bancos aos particulares levou o Banco de Portugal (BdP) a tomar novas medidas para evitar problemas futuros para o sistema bancário e para os clientes. Assim, um ano e meio depois de ter avançado com a medida macroprudencial para o crédito, o supervisor acaba de decidir introduzir novos limites, como a redução do prazo máximo dos novos empréstimos de crédito pessoal, que passa de 10 para sete anos, a partir de 1 de Abril.

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