Câmara compra casa histórica em bairro judaico por um euro

O imóvel pertence à empresa Solbrasa, que justifica o valor simbólico da venda com a falta de interesse em proceder à reabilitação da casa.

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A casa está localizado em frente à sinagoga medieval da vila de Castelo de Vide. ARQUIVO/CÂMARA MUNICIPAL CASTELO DE VIDE

A Câmara de Castelo de Vide, no Alto Alentejo, prevê investir 150 mil euros na recuperação de uma casa com valor histórico e arquitectónico, abandonada no bairro judaico, que vai adquirir pelo valor simbólico de um euro.

O imóvel, a necessitar de intervenção “urgente”, está localizado defronte da sinagoga medieval da vila de Castelo de Vide, no distrito de Portalegre, apresentando no seu interior uma distribuição primitiva e no exterior uma porta de entrada ogival com um conjunto de elementos fitomórficos, com duas aduelas originais, explicou esta segunda-feira à agência Lusa o presidente do município.

“É uma casa com um valor arquitectónico bastante interessante, com uma localização importante no centro histórico e mantém a distribuição espacial funcional da sua origem, o que a torna muito singular”, disse António Pita.

A casa, pertencente à empresa Solbrasa, do empresário Fernando Barata, vai ser adquirida pelo valor simbólico de um euro, estando a escritura de venda marcada para o dia 6 de Março.

“A Solbrasa sensibilizou-se para a questão e não havendo interesse por parte da empresa em fazer a recuperação da casa, porque ainda tem bastante volume, vai então ser feita pelo município, com um investimento na ordem dos 150 mil euros”, explicou.

De acordo com António Pita, a empresa, ao vender o imóvel pelo valor de um euro, “deu um exemplo” para que, no futuro, possam surgir outros casos de vendas simbólicas, no sentido de o município poder recuperar “a pouco e pouco” casas em estado de total abandono.

Após a reabilitação do imóvel, o município de Castelo de Vide projecta criar no piso térreo uma área comercial de apoio aos turistas e, na parte superior, uma residência.

“Trata-se de um negócio simbólico que acaba por ser valorizado, porque não é uma casa qualquer. Foi uma casa que pertenceu a judeus e que mantém a sua traça original”, acrescentou.

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