Atirador tailandês que matou 29 pessoas foi morto após 17 horas de cerco

Jakrapanth Thomma interagia com os seguidores nas redes sociais enquanto disparava sobre civis. Foi abatido após 17 horas cercado num centro comercial.

Veículo de luxo
Fotogaleria
LUSA/RUNGROJ YONGRIT
Fotogaleria
Um dos veículos atingidos pelo atirador Reuters/ATHIT PERAWONGMETHA
Fotogaleria
Reuters/SOE ZEYA TUN
Fotogaleria
LUSA/RUNGROJ YONGRIT
Fotogaleria
Reuters/ATHIT PERAWONGMETHA

“Ninguém consegue evitar a morte”: a mensagem foi deixada no Facebook pelo soldado de 32 anos responsável pelo massacre deste fim-de-semana na Tailândia momentos antes de começar o ataque. No final da noite, apenas horas depois, Jakrapanth Thomma tinha feito 29 mortos e 32 feridos na cidade de Nakhon Ratchasima; foi morto após 17 horas cercado. As autoridades apontam uma disputa de terras como o motivo na origem deste ataque que, em alguns momentos, foi transmitido em directo na página do atirador.

Os momentos iniciais deste incidente tiveram lugar numa casa. O soldado teve uma reunião com o seu comandante e uma mulher, alegadamente familiar do comandante. O encontro serviria para resolver uma disputa relacionada com uma propriedade que, segundo as autoridades, motivou o ataque. A Reuters diz que após uma discussão, Thomma matou os dois a tiro. Após o duplo homicídio, dirigiu-se à base militar onde trabalhava, por volta das 15h30 locais (8h30 em Portugal Continental). Disparou sobre o militar que guardava a entrada e entrou no edifício onde estavam as armas. Fugiu da base militar num Humvee roubado munido de várias armas.

Foto
Atirador publicou selfie durante ataque Facebook

A primeira paragem foi num templo budista, onde abriu fogo e matou nove pessoas, antes de se dirigir para a área mais movimentada da cidade. Quando chegou ao centro de Nakhon Ratchasima, Thomma  atirou indiscriminadamente sobre civis. As imagens que circularam nas redes sociais davam conta da dimensão do ataque, mostrando vários cadáveres nas ruas e no interior de veículos.

Após estes primeiros ataques, o soldado partilhou uma selfie onde se podia ver um local em chamas em pano de fundo. Dirigiu-se depois para o centro comercial onde ficou barricado durante 17 horas. Continuou a disparar dentro de portas, matando 18 pessoas e encurralando um grupo que ficou refém. No exterior da superfície comercial, as autoridades planeavam a melhor forma de neutralizar o soldado sem colocar em risco mais civis – Thomma é descrito por fontes do exército com um bom atirador que fez muitos cursos, incluindo no planeamento de emboscadas.

Centenas de pessoas conseguiram sair sem ferimentos do centro comercial com a ajuda das autoridades. A mãe do atirador foi levada para o local, com esperança de que Jakrapanth Thomma pudesse ser dissuadido e se entregasse às autoridades, algo que não se veio a concretizar. 

Ainda dentro do centro comercial, o atirador continuou activo nas redes sociais. Colocou uma fotografia de cara tapada, armado com uma metralhadora. Enquanto isso, as câmaras de videovigilância mostravam o soldado a percorrer os vários pisos e corredores.

O braço-de-ferro terminou às 9h locais (2h em Portugal Continental) quando a polícia entrou no centro comercial. Durante alguns minutos, o som da troca de tiros foi intenso, não se percebendo bem o que estaria a acontecer no interior do prédio. Após um compasso de espera, a morte do atirador foi confirmada, com as autoridades a anunciarem o salvamento dos oito reféns. Horas antes de conseguirem neutralizar o suspeito, as autoridades já tinham tentado sem sucesso chegar ao atirador: de acordo com a Reuters, um agente foi morto e dois ficaram feridos nessa primeira tentativa. 

Foto
Já no centro comercial, soldado continuava a publicar no Facebook Facebook

O primeiro-ministro tailandês classificou o ataque como algo “sem precedente” no país. Prayut Chan-O-Cha deslocou-se ao hospital para visitar os feridos do tiroteio, alertando para a necessidade de olhar com atenção para o problema da saúde mental. "Não há precedentes na Tailândia e quero que esta isto nunca mais aconteça”, afirmou. Explicou ainda que se tratou de um “conflito pessoal” com um familiar do seu comandante.

Quanto ao papel das redes sociais, este foi mais um massacre transmitido quase em directo. Antes de começar o o tiroteio, o homem publicou uma série de mensagens em que se queixava de ter sido vítima de corrupção: “Eles acham que podem levar dinheiro para gastar no inferno?” Apesar de a página de Thomma ter sido apagada pelo Facebook após o homem ter sido identificado como o atirador – em comunicado, a empresa disse ainda que analisaria as restantes publicações relacionadas com o incidente –, o sargento do Exército tailandês ainda conseguiu fazer várias publicações e vídeos durante o ataque. A certo ponto, enquanto disparava sobre civis no centro da cidade, perguntou se deveria desistir, dizendo que tinha uma cãibra no dedo. “Já não o consigo mexer mais”, afirmou num vídeo em directo para os seguidores.

Sugerir correcção
Ler 7 comentários