Baldes, vassouras ou esfregonas: como o lixo marítimo pode ser transformado em artigos para a casa

A Fapil, empresa sediada na Malveira, lançou uma nova gama de utensílios construídos a partir de resíduos marítimos, como redes e cordas de pesca. Deverá chegar aos consumidores no final de Março. O objectivo é que, no futuro, os objectos (que contêm 20% de plástico marítimo) sejam fabricados a 100% com os resíduos.

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LUSA/João Relvas

A Fapil apresenta esta sexta-feira, 7 de Fevereiro, a primeira gama de artigos de limpeza e de arrumação para a casa fabricados a partir de lixo marítimo reciclado na maior feira mundial de artigos para o lar, em Frankfurt, na Alemanha. “Vamos ser os primeiros no mercado a fazer o aproveitamento de redes e cordas de pesca, de todo o material que resulta da indústria piscatória e que não tinha encaminhamento, para fabricar produtos para a casa”, anunciou o presidente executivo desta empresa portuguesa, Fernando Teixeira, à agência Lusa.

A nova gama de artigos, como escovas, esfregonas, vassouras, baldes ou caixas de arrumação, está a ser fabricada contendo 20% de resíduos marítimos reciclados. “Cada um de nós tem de fazer o que está ao seu alcance e a Fapil procura alternativas que possam ajudar o ambiente, procurar materiais que não estavam a ter um destino para serem valorizados”, sustentou.

No caso dos resíduos marítimos reciclados, o seu destino seria a “incineração ou para aterros”. “A Fapil está a dar uma segunda vida a estes produtos em artigos que todos temos em casa para utilizar”, disse. “Em termos de padrões, é uma gama muito incerta, porque estamos a utilizar directamente esse plástico da pesca. Não queremos introduzir processos complementares.”

Com a nova gama de produtos, a empresa espera aumentar este ano para 22 milhões de euros o seu volume de negócios, acima dos 19,6 milhões de euros do ano anterior. “Somos uma empresa essencialmente nacional, com pouca exportação e acreditamos que isto nos vai catapultar para os mercados internacionais”, frisou o presidente executivo. As exportações representam 10% da sua produção e o objectivo é chegar a médio prazo aos 50%, facturando mais 10 milhões de euros.

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A nova linha de produtos deverá chegar aos consumidores entre o final deste mês e o início de Março e o objectivo é, no futuro, fabricar estes artigos usando 100% deste tipo de plástico.

Fundada há 45 anos, esta empresa com sede na Malveira, em Mafra, começou há 20 anos a fabricar produtos usando plástico reciclado e preocupa-se com a sustentabilidade ambiental e em “despertar consciências” para o reaproveitamento de resíduos. Investiu na substituição de equipamentos fabris mais eficientes e numa central fotovoltaica, e introduz os seus desperdícios fabris no processo de produção de novos artigos.

Com cerca de 130 trabalhadores, a Fapil afirma ser líder de mercado em Portugal no desenvolvimento, produção e comercialização de acessórios de limpeza, como esfregonas, vassouras, baldes ou caixas de arrumação, e facturou 19,6 milhões de euros em 2019, um aumento de 15% face a 2018.