Ricardo Neves-Neves baralha a História e dá-nos ficção

A Reconquista de Olivenza, em cena no Teatro São Luiz, em Lisboa, até 16 de Fevereiro, seguindo depois para Loulé, parte de um exercício simples: imaginar Portugal hoje como monarquia e à sombra das batalhas de Dragon Ball.

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Estelle Valente

Antes de ser aclamado primeiro rei de Portugal, conta a lenda que D. Afonso Henriques terá sido visitado por um velho que já teria visto em sonhos e que este terá profetizado a sua vitória na crucial Batalha de Ourique e em muitas outras que se haviam de seguir. É por aí que, nesta sua reescrita da História de Portugal, Ricardo Neves-Neves começa a A Reconquista de Olivenza. Só que, dada a sua reduzida tolerância para seguir os factos tal e qual tiveram lugar, o autor logo coloca na barroca canção pop de abertura “D. Afonso Henriques, fundador e rei primeiro de Portugal, na véspera da Batalha de Ourique contra o Rei Ismar e os cinco reis mouros aliados”, a vislumbrar em sonhos não um velho, mas um dragão voador que dividirá o seu próprio corpo em sete partes e as espalhará por sete terras do mundo. “Volta a reunir o meu corpo e cumprirás Portugal”, diz-lhe o dragão, evocando as sete bolas de cristal que eram o mote da série de animação Dragon Ball. Assim nasceria o mítico Quinto Império, evitando o dia do Juízo Final.

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