Obras da Biblioteca República e Resistência de novo disponíveis para consulta

Grupo de trabalho criado pela Câmara de Lisboa tem de apresentar propostas para o espólio nas próximas semanas.

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Pedro Cunha

Estão novamente disponíveis para consulta as obras do acervo da Biblioteca-Museu República e Resistência, cujas instalações estão a ser reabilitadas desde Novembro. A colecção esteve inacessível durante dois meses e meio, mas voltou a poder ser requisitada na segunda-feira, afiançou a Câmara de Lisboa ao PÚBLICO.

A biblioteca-museu, criada pela autarquia em 1993, guarda a colecção Dulce Ferrão (mulher do jornalista Carlos Ferrão), com 26 mil volumes, e outras obras e documentos relacionados com a República, a maçonaria e a resistência à ditadura. É sobretudo procurada por investigadores universitários, nacionais e estrangeiros, interessados nestas matérias.

Uma vez que o rés-do-chão onde funcionou durante os últimos 18 anos, no bairro do Rego, está em obras que a autarquia estima que estejam concluídas “até ao final do primeiro semestre de 2020”, a consulta de livros e documentos tem de ser feita nas restantes bibliotecas da rede. No catálogo, disponível online, todas as obras desta biblioteca surgem no “Depósito Geral 1”, o que significa que a sua consulta implica um pedido expresso e não poderá ser imediata.

O encerramento para obras da biblioteca-museu esteve envolvido em polémica. Quando ele foi anunciado, no Verão de 2019, vereadores, deputados municipais, o coordenador e funcionários acusaram a câmara de querer acabar com o equipamento para o espaço ser entregue à Junta de Freguesia das Avenidas Novas.

Catarina Vaz Pinto, vereadora da Cultura, negou essa intenção e disse que o fecho foi decretado por pareceres técnicos e não políticos. Além disso, afirmou que parte do espólio ainda precisava de ser catalogada e, eventualmente, colocada no Museu do Aljube – Resistência e Liberdade.

Para contornar a controvérsia, a câmara criou um grupo de trabalho que é integrado e coordenado precisamente pelo director do museu, Luís Farinha, pelos historiadores Fernanda Rollo, João Madeira e Maria Alice Samara (todos do Instituto de História Contemporânea da FCSH/Nova), pelo historiador e museólogo André Soure Dores e ainda por José Amaral Lopes, conselheiro de Justiça e Administração Interna na representação portuguesa da Comissão Europeia.

O grupo foi criado no fim de Novembro com a incumbência de formular, em 90 dias, “uma proposta consolidada e estruturada” sobre a integração dos acervos da República e Resistência “nos actuais equipamentos municipais ou noutros equipamentos ou espaços”.

Notícia actualizada às 12h10 de 6 de Fevereiro: Acrescenta o nome de André Soure Dores ao grupo de trabalho, que por lapso não tinha sido referido numa primeira versão do artigo

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