Opositor Guillermo Fariñas detido em Cuba antes de viajar para a Europa

Fariñas é uma figura histórica da dissidência cubana. Pretendia ir a Espanha e Bruxelas.

Foto
Guillermo Fariñas Daniel Rocha

O opositor cubano Guillermo Fariñas, Prémio Sakharov do Parlamento Europeu em 2010, foi detido “pela polícia política” e não foi revelado o lugar para onde foi levado, anunciou nesta quarta-feira em Madrid o Observatório Cubano dos Direitos Humanos (OCDH).

Segundo a agência espanhola EFE, Fariñas preparava-se para viajar para Espanha e Bélgica em meados de Fevereiro, e foi detido na terça-feira quando saiu de casa em Villa Clara para se dirigir à embaixada espanhola em Havana - a embaixada tinha marcado a visita para lhe conceder um visto de viagem. O relato foi feito à agência pelo director do OCDH, Alejandro González Raga, que disse ter falado com a mulher e a mãe do opositor.

Fariñas é uma figura histórica da dissidência cubana. Segundo um comunicado do Observatório, foi abordado por “agentes do Departamento de Segurança do Estado”.

OCDH diz no mesmo comunicado que “neste momento estão detidos dois dos principais líderes da oposição cubana”, Fariñas e José Daniel Ferrer (desde Outubro do ano passado).

Em Bruxelas, Guillermo Fariñas tinha agendadas reuniões com eurodeputados de vários partidos. A rota prevista ia levá-lo primeiro a Miami, centro da dissidência fora de Cuba, seguindo depois para Madrid, para encontros com organizações sociais e políticas e finalmente para Bruxelas - aqui ia participar numa reunião do subcomité de Direitos Humanos da UE.

O Observatório pede ao Parlamento Europeu e à Comissão Europeia que condenem esta prisão. “O regime cubano deve deixar de utilizar as instituições internacionais como teatro de operações das suas políticas de ingerência. Havana tem que parar com as actuações de repressão, e as democracias do mundo não podem ficar indiferentes perante as constantes agressões contra a oposição cubana”, diz o comunicado.

Em 2010, Fariñas não foi autorizado a viajar para a Bélgica para receber o Sakharov. Psicólogo e jornalista, o opositor que já foi detido várias vezes, iniciou em Fevereiro de 2010 uma greve da fome pela libertação dos presos políticos, passando mais de 130 dias sem ingerir alimentos. Já em estado de extrema debilidade, aceitou terminar o protesto em Julho, quando o Governo cubano negociou com a Igreja Católica a saída da cadeia de 52 presos, posteriormente exilados em Espanha.

Sugerir correcção
Comentar