Boca-de-incêndio em Faro a jorrar água revolta os moradores de um Algarve em seca

A empresa municipal Fagar considera inevitável a purga que está a ser feita nas condutas de abastecimento.

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A população manifesta-se: “Um crime, estou indignada” DR

Durante toda esta a manhã, em Faro, uma boca-de-incêndio despejou água na via pública. Em tempo de seca, a população está particularmente atenta. “Um crime,  estou indignada”, manifestou-se  Joana Martins, lembrando o stress hídrico que se sente na região: “Com o Algarve em situação de seca severa, como é que se pode conceber uma situação destas”, questionou, acrescentando que já tinha apresentado um protesto junto da empresa municipal Fagar e outro ao gabinete do presidente da câmara. “Pedimos desculpa por eventuais transtornos causados”, diz uma placa afixada no local, sem mais explicações. 

O presidente da Fagar, Paulo Gouveia da Costa, justificou ao PÚBLICO o sucedido: “Ontem [terça-feira] deu-se a ruptura de uma conduta, com alguma dimensão”, em consequência da obra que está a decorrer no cruzamento da Avenida Calouste Gulbenkian com a rua do Alportel. O acidente, disse, originou o corte no abastecimento de água até ao meio da tarde na parte alta da cidade. A ruptura foi reparada embora o sistema ainda não esteja totalmente operacional. “Agora, está a ser purgada a conduta (saída do ar) para evitar prejuízos bem mais avultados como o colapso da rede”, acrescentou.

“Este é o procedimento técnico, comum, mais adequado”, sublinhou. Joana Martins não se dá por conformada: “E não podiam reaproveitar a água que se está a desperdiçar?” O gestor responde: “a água, aparentemente, parece clara mas tem impurezas, devido às obras, não é potável”. Quanto à hipótese de vir a ser usada para rega, ou outros fins, esclarece: “Não existe solução no mercado que nos permita recolher [a água que está a sair].”

Luís Rosa, outro dos moradores da zona – Lejana de Cima - diz que a situação arrasta-se há cinco dias. “Comuniquei à Fagar que havia aqui, junto à minha casa, uma ruptura no sábado às 11h40. O piquete de serviço “deslocou-se ao local às 13h45 de Domingo, demoraram não mais que dez ou 15 minutos, foram embora e a água continua a correr”.

Paulo Gouveia da Costa afirmou desconhecer a situação, mas lembrou: “Temos 600 quilómetros de rede, com mais de 40 anos, como acontece à generalidade dos municípios do Algarve”. Por isso, o rebentamento das condutas é um problema quotidiano. Apesar das rupturas, sublinhou, “estamos com perdas na ordem dos 19% a 20%”, enquanto a média nacional situa-se perto dos 30%”.

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