Relatório do árbitro do Santa Clara-Paços refere “cal viva” e linhas irregulares

João Bento explica que foi alertado pelos delegados da Liga para o facto de os açorianos estarem a utilizar um saco cujo rótulo remete para produto ilegal e perigoso.

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LUSA/EDUARDO COSTA

João Bento, o árbitro que dirigiu o Santa Clara-Paços de Ferreira, confirmou esta quarta-feira que o produto utilizado para a marcação das linhas do relvado estava numa embalagem com a inscrição “cal viva em pó”.

Segundo o relatório, a equipa de arbitragem foi alertada pelos delegados da Liga para o facto de “o produto que estava a ser colocado” se encontrar “numa embalagem plástica contendo a informação cal viva em pó, substância proibida para marcação do terreno de jogo”.

Esta utilização de “um novo produto”, explicou o árbitro no relatório, aconteceu depois de as várias tentativas de remarcação do campo terem falhado, obrigando a alterar o horário do jogo, após novo acordo entre os intervenientes, no sentido de “marcar novamente o terreno de jogo”, uma vez que “a intenção de todos seria a realização da partida”, que foi sucessivamente adiada, tendo sido “remarcada para as 21h30, hora local”.

“De referir ainda que as linhas estavam irregulares, visto que as dimensões não tinham as medidas exigidas por lei”, refere o documento. “Perante estes novos factos”, ficou decidido na reunião que não haveria jogo à hora reagendada, tendo sido adiado para o dia seguinte.

O Paços de Ferreira disputou o jogo sob protesto, intenção confirmada na segunda-feira pelo presidente à chegada da comitiva, não concordando com a versão avançada pela Liga Portuguesa de Futebol Profissional, para quem “as condições climatéricas foram a verdadeira causa para que as linhas não estivessem suficientemente visíveis”.

“Se os responsáveis tiverem a coragem política de assumir as suas responsabilidades e percebermos que o regulamento não é para ficar na gaveta e sim para ser aplicado, não tenho dúvidas nenhumas de que, lendo textualmente o que diz, esta situação implica, para além das multas, uma penalização clara: derrota da equipa responsável pela organização do jogo”, referiu Paulo Meneses.

O presidente do Paços de Ferreira frisou que o material alternativo a utilizar nas marcações era “ilegal e perigoso”. “Apesar da boa vontade, chegámos a conclusão de que o material a aplicar nem sequer era alternativo, e, além de não regulamentar e ilegal, é perigoso para a integridade física dos jogadores. Pior ainda foi a tentativa de camuflar a situação com recurso a uma mentira, dizendo que era uma cal morta, que terão conseguido colocar num saco inviolado que dizia cal viva. Tudo isto é muito claro”, acusou.

No sábado, Rui Cordeiro, presidente do Santa Clara, desmentiu a “aplicação de cal viva” no relvado, referindo que o produto utilizado era “pó de pedra”.

O Paços vai também formalizar uma participação disciplinar por “coisas que se passaram no final do jogo na sequência de declarações prestadas pelo Pedrinho” na zona de entrevistas rápidas.

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