Huawei tem quase 70 aplicações portuguesas, espera chegar às 175 até Março

A empresa diz que um em cada três consumidores escolheu um aparelho Huawei em 2019 – um dos objectivos para 2020 é trazer mais programadores para a loja de aplicações.

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A Huawei está a trabalhar com os programadores para os ajudar a adaptar as suas aplicações à App Galery Reuters/Jason Lee

A Huawei está confiante no futuro sem Google dos seus telemóveis em Portugal. Numa apresentação da estratégia da marca para 2020, esta terça-feira, em Lisboa, a empresa chinesa mostrou-se satisfeita com os resultados obtidos no país durante o ano de 2019. “Um em cada três donos de smartphones escolheu a Huawei”, disse aos jornalistas Shen Yun, responsável pela unidade de consumo da Huawei em Portugal.

Apesar das restrições dos EUA, Shen Yun partilhou com o PÚBLICO que o “foco é continuar a utilizar o serviço aberto do Android”, que está próximo daquilo que os utilizadores já estão habituados. Até ao final do primeiro trimestre de 2020, todos os telemóveis da marca chinesa em Portugal deverão poder funcionar com o EMUI 10, que é a interface da Huawei para o Android e que não tem as aplicações do Google.

Com a empresa chinesa na “lista negra” de Donald Trump desde Maio do ano passado – um grupo de entidades às quais as empresas americanas não podem fornecer serviços ou produtos por questões de segurança –, os novos aparelhos Huawei ficaram barrados de utilizar vários serviços do Google. Isto inclui actualizações do Android que o Google desenvolve, ferramentas para programadores e a loja de aplicações. 

Como alternativa, a Huawei está a optar por utilizar uma versão em código aberto do sistema operativo do Google, que está disponível para qualquer pessoa ou empresa. Embora no começo de Agosto, a empresa chinesa tenha apresentado um sistema operativo novo para os aparelhos conectados (colunas inteligentes e televisões, por exemplo), chamado Harmony OS, Shen Yun diz que os telemóveis devem continuar com a nova versão do Android. 

Em Novembro, a Huawei começou a disponibilizar o EMUI 10 para os donos de alguns aparelhos da marca instalarem em Portugal. A opção deve chegar aos restantes aparelhos até ao final de Março. “Inicialmente lançámos o EMUI 10 para uma quantidade limitada de aparelhos para perceber a reacção dos consumidores”, explicou Shen Yun ao PÚBLICO. “A ideia que temos é que as pessoas estão satisfeitas.”

O responsável pela unidade de consumo em Portugal frisa que as mudanças não são assim tantas. “Apesar de o sistema operativo não vir com a aplicação do YouTube, do Google, pré-instalada, pode-se ter o atalho directo para o site no ambiente de trabalho do telemóvel”, disse Shen Yun. “Funciona quase da mesma forma. Não estamos a dizer às pessoas para usar uma alternativa ao YouTube.” Da mesma forma, os utilizadores poderão continuar a aceder ao Google Maps. “Só que não podem guardar localizações”, explica.

Conquistar aplicações para a loja da Huawei

Para não perder as restantes aplicações na loja do Google, há vários meses que a Huawei está a contactar criadores de aplicações em todo o mundo, incluindo em Portugal, para que estas sejam disponibilizadas na App Gallery. É a alternativa da empresa chinesa ao Google Play, a popular loja de aplicações do Google que este ano foi barrada dos novos produtos da Huawei devido às sanções impostas pelos EUA. A empresa avança que já tem perto de 70 aplicações portuguesas na loja – objectivo é ter as 175 aplicações mais populares até ao final de Março. 

Aqui, Shen Yun diz que a grande dificuldade são os programadores que desenvolvem aplicações com as ferramentas do Google, como o Google Maps ou o serviço Firebase, um sistema para enviar notificações desenvolvido pelo Google.

A Huawei diz que tem estado a trabalhar junto dos programadores para encontrar soluções. “A nossa parceria recente com a TomTom é para resolver este problema. Ficou-se com a ideia que é para criar uma alternativa específica ao Google Maps, mas na verdade é para criar uma ferramenta para os programadores”, esclareceu Shen Yun sobre a parceria da chinesa com a holandesa TomTom, conhecida pelos seus aparelhos e serviços de navegação por satélite. “Queremos dar uma opção para que quem crie aplicações para a Huawei App Galery possa desenvolver serviços com sistemas de localização sem depender dos serviços do Google.”

Com o lançamento dos novos topos de gama Mate 30 e Mate 30 Pro (os primeiros sem Google) em Setembro, a marca também anunciou um fundo de mil milhões de dólares (mais de 903 milhões de euros) para incentivar programadores a criar aplicações para a App Gallery.

Durante a apresentação desta terça-feira, a Huawei aproveitou, também, para apresentar uma reforçar o investimento no 5G, notando que há mais de 50 contratos para usar a tecnologia da empresa chinesa em todo o mundo, nomeadamente na União Europeia. Apesar da pressão dos EUA, Bruxelas recusou-se a banir a Huawei do 5G – o plano de segurança para a quinta geração móvel reconhece que há riscos de interferência de países fora da União Europeia, mas mantém o mercado aberto a todos os fornecedores.

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