Too Good To Go: a app que quer evitar o desperdício de comida chegou ao Porto

Depois de Lisboa, a Too Good To Go chega ao Porto. Com mais de 60 parceiros na cidade, a app permite que sejam feitas encomendas de comida de restaurantes — que, apesar de estar em bom estado, teria como destino o caixote do lixo — a preços simbólicos.

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Hermes Rivera/Unsplash

Mais de 60 estabelecimentos do Porto aderiram esta terça-feira, 4 de Fevereiro, à Too Good To Go, uma empresa dinamarquesa que luta contra o desperdício alimentar em 15 países e que permite comprar refeições com 75% de desconto através de uma aplicação móvel.

“Abrimos o mercado no Porto já com mais de 60 parceiros. A cidade do Porto e os portuenses juntam-se assim a uma nova mentalidade de consumo sustentável e de economia circular que não é apenas uma tendência, mas sim uma nova forma de estar em sociedade, que deve ser adoptada por todos”, disse Madalena Rugeroni, directora geral da Too Good To Go Portugal, em conferência de imprensa, no Porto.

A app está disponível para iOS e Android e a utilização é simples: basta escolher um estabelecimento, comprar a Magic Box (Caixa Surpresa) na aplicação móvel e dirigir-se ao espaço para fazer a recolha. O facto de ser surpresa cria uma “dinâmica especial” e uma “experiencia única”, considerou a directora geral, referindo que no Porto a lista é composta por restaurantes e pastelarias, mas que, no futuro, estima ter como parceiros supermercados, mercearias e hotéis.

“Numa região onde o desperdício ronda as 14 mil toneladas de comida todos os anos, a Too Good To Go apresenta-se como uma solução e desafia os portuenses a terem uma participação e um papel activo nesta missão”, acrescenta, revelando que entraram na cidade de Lisboa há três meses, em Outubro de 2019, com 18 colaboradores e, durante esse trimestre, já salvaram “18 mil refeições” de 350 estabelecimentos.

Em declarações à Lusa, Madalena Rugeroni avançou que o objectivo da empresa para este ano de 2020 é ter “75 milhões de utilizadores em todo o mundo” e pretendem trabalhar com “75 mil estabelecimentos”. “A empresa quer também lançar programas educativos, trabalhar com governos e expandir as parcerias com hotéis, supermercados, bombas de gasolina e organizações não-governamentais, como a Refood e a CASA (Centro de Apoio aos Sem Abrigo).”

Segundo a empresa dinamarquesa, o desperdício alimentar em Portugal é na ordem de um milhão de toneladas todos os anos. Em Portugal, os restaurantes descartam diariamente 50 mil refeições e 20% do lixo produzido no país corresponde a produtos alimentares que poderiam ter sido consumidos. Dados da empresa indicam também que um terço dos alimentos produzidos a nível mundial são desperdiçados — num cenário onde 800 milhões de pessoas passam fome.

Actualmente, a Too Good To Go conta com 500 colaboradores, tem 37 mil estabelecimentos como parceiros em 15 países, 19 milhões de utilizadores a salvou 30 milhões de refeições desde 2016.

Para Hélder Claro, coordenador da área de Planeamento no Porto Ambiente, empresa municipal que se dedica à gestão dos resíduos e limpeza urbana, este tipo de projectos são “importantes” porque ajudam a prevenir o desperdício. Segundo o site da Câmara do Porto, o município foi desafiado pela Fundação Ellen MacArthur a estudar a transição para um sistema de alimentação circular com as cidades de São Paulo (Brasil), Bruxelas (Bélgica) e Guelph (Canadá).

O envolvimento do município no estudo acontece alinhado com o Roadmap do Porto para a Economia Circular, instrumento estratégico para a afirmação da Cidade Circular até 2030. Entre as premissas surge a valorização dos biorresíduos e de vários programas e projectos levados a cabo pelos serviços municipais, empresa municipal Porto Ambiente, Lipor, entre outros. Em 2018, o projecto Embrulha, por exemplo, evitou o desperdício de 12,7 toneladas de comida, contribuindo para a emissão de menos 2,67 toneladas de dióxido de carbono (CO2) para a atmosfera.

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