CDS-PP defende que condicionamento de trânsito na Baixa de Lisboa comporta riscos

Centristas criticam que “uma proposta destas, com o impacto que tem na cidade”, tenha sido apresentada aos jornalistas antes de ser apresentada na câmara.

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O CDS-PP na Câmara de Lisboa admitiu nesta terça-feira que podem “até existir méritos” na proposta da autarquia (PS) de condicionar o trânsito na zona da Baixa-Chiado, mas defendeu que “comporta enormes riscos”.

“Numa primeira análise, nós reconhecemos que podem até existir méritos na proposta, mas é também evidente que é uma proposta que comporta enormes riscos”, afirmou o vereador do CDS-PP João Gonçalves Pereira, em declarações à Lusa.

Os centristas, a maior força da oposição na autarquia liderada pelo socialista Fernando Medina, consideram que “é fundamental conhecer todos os estudos e dados objectivos que sustentam” o plano apresentado e criticam que “uma proposta destas, com o impacto que tem na cidade”, tenha sido apresentada aos jornalistas antes de ser apresentada na câmara.

João Gonçalves Pereira remeteu o sentido de voto do CDS-PP para quando a proposta for distribuída à vereação, admitindo vir a apresentar propostas alternativas.

Para o autarca, “a neutralidade carbónica é um objectivo que não deve ser apenas atingido por imposições ou restrições aos cidadãos, mas sim através de bons mecanismos de compensação e de boas práticas de cidadania”.

O eleito acusou também o presidente da Câmara de “apresentação de uma cidade com Photoshop”, com “pouco respeito muitas vezes com quem vive e trabalha” em Lisboa.

“Achamos que deve haver compromissos ambientais, mas com respeito por quem vive e trabalha na cidade de Lisboa, e não nos ficarmos só pelo mero “Photoshop” da propaganda socialista”, reforçou.

Havendo esse respeito, João Gonçalves Pereira garantiu que “o CDS não tem complexos com aquilo que pode ser o condicionamento de uma ou outra zona da cidade”.

Por outro lado, o centrista apontou como aspecto positivo a reposição do modelo original de circulação ascendente/descendente nas laterais da Avenida da Liberdade.

Ainda assim, disse ser “triste” que a “câmara tenha demorado sete anos a perceber que as emissões de dióxido de azoto são altíssimas naquela artéria da cidade”.

“Gostaríamos também de saber quanto é que já se teve de pagar por causa da poluição na mesma avenida”, acrescentou, referindo-se às coimas aplicadas ao Estado português devido aos níveis de poluição registados naquela zona.

O presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina (PS), apresentou na sexta-feira a nova Zona de Emissões Reduzidas (ZER) Avenidas/Baixa-Chiado, que prevê que o trânsito automóvel nessa área passe a ser exclusivo para residentes, portadores de dístico e veículos autorizados, entre as 06:30 e as 00:00, a partir do verão.

A ZER abrange parte das freguesias de Santa Maria Maior, Misericórdia e Santo António, sendo delimitada a norte pela Calçada da Glória, Praça dos Restauradores e Praça do Martim Moniz, e a sul pelo eixo formado pelo Cais do Sodré, Rua Ribeira das Naus, Praça do Comércio e Rua da Alfândega.

Esta zona de emissões reduzidas é delimitada a nascente pela Rua do Arco do Marquês de Alegrete, Rua da Madalena e Campo das Cebolas, e a poente pela Rua do Alecrim, Rua da Misericórdia, Rua Nova da Trindade e Rua de São Pedro de Alcântara.«

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