Benfica quis abrir o campo e quase abriu mão da Taça de Portugal

Com o triunfo, os lisboetas partem em vantagem para a segunda mão da meia-final, mas os dois golos sofridos em casa trazem algum perigo. Taarabt e Gabriel foram os heróis, a atacar, mas foram os réus, a defender.

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Cervi e Ivo Pinto no jogo da Luz. LUSA/MANUEL DE ALMEIDA

Quem foi ao Estádio da Luz, nesta terça-feira, ver a primeira mão da meia-final da Taça de Portugal terá saído mais do que satisfeito. Os adeptos do Benfica radiantes com o triunfo conseguido nos descontos, os do Famalicão orgulhosos da réplica dada e esperançosos com os dois golos marcados fora de casa.

Para benfiquistas e famalicenses houve, ainda, a satisfação comum de terem assistido a um tremendo jogo de futebol: boas jogadas, bons golos, muitas transições, emoção e, sobretudo, mais 90 minutos de qualidade prometidos para daqui a uma semana.

Em matéria de calculadora, as contas são simples: ao Benfica basta empatar, em Famalicão, mas uma singela derrota por 1-0 tirará aos “encarnados” a final do Jamor.

Grimaldo muito “castigado”

No Estádio da Luz, Benfica e Famalicão quiseram jogar de forma rápida, com circulação fluida, com passes verticais e explorando o espaço, algo que resultou num jogo de “bola cá, bola lá”. Sem Weigl, Bruno Lage montou um meio-campo com Gabriel e Taarabt e foi por estes dois jogadores que passou boa parte do que o Famalicão conseguiu fazer. 

É que, apesar de os dois médios “encarnados” se terem mostrado individualmente competentes na recuperação de bola – só o marroquino recuperou pelo menos seis –, ambos, como um duo de meio-campo, desequilibraram permanentemente uma equipa a jogar em campo aberto. Gabriel e Taarabt estiveram muito longe da linha defensiva e foi esse espaço entre linhas, nas costas dos médios, que o Famalicão explorou durante todo o jogo.

Na primeira parte, foi aí que foram criadas e pensadas as jogadas de perigo da equipa famalicense, rápida e capaz a tirar a bola dessa zona de criação para o corredor direito, a zona que escolheram para definir as jogadas.

Grimaldo foi muito “castigado” e o Famalicão criou lances de perigo aos 17’ e aos 36’, sempre com cruzamentos de Diogo Gonçalves para Pedro Gonçalves (o primeiro foi uma oportunidade flagrante), e aos 38’, com remate torto de Diogo Gonçalves.

O Benfica, por outro lado, apesar de globalmente dominador – Taarabt fez um jogo tremendo e foi essencial na qualidade dada à posse –, foi menos incisivo do que o Famalicão no ataque à área adversária. Mas somou, também, alguns lances de qualidade: Chiquinho rematou mal em boa posição, aos 10’, Seferovic chegou tarde a um remate torto de Pizzi, aos 28’, o mesmo suíço cabeceou torto, aos 31’, pecúlio repetido por Almeida, aos 46’.

Sem golos e quase “sem balizas”, jogou-se bem na Luz. Faltou mais acerto na finalização.

Tudo igual, menos o desfecho

A segunda parte foi igual na postura das equipas, mas diferente no desfecho das jogadas. O Benfica até saiu na frente, com Pizzi a converter um penálti cometido por Riccielli – quarto golo do português em cinco jogos da Taça –, mas os problemas da primeira parte mantiveram-se: Gabriel e Taarabt raramente estiveram bem colocados na protecção à defesa e Pedro Gonçalves (grande jogo) fez o que quis na já referida faixa de terreno entre as linhas “encarnadas”.

Aos 60’, o médio saiu em condução, ultrapassou quatro jogadores e deu para Diogo Gonçalves, que devolveu para o capitão finalizar uma grande jogada individual e colectiva. Aos 73’, Pedro Gonçalves voltou a sair nas costas de Gabriel, conduziu e soltou para Martínez, que finalizou perante Odysseas. Sempre a mesma receita do Famalicão, aproveitando a permeabilidade na linha média de uma equipa que teve de arriscar (mais ainda).

Já com Vinícius e Rafa em campo, o Benfica chegou ao 2-2, num lance em que o português fez a recarga a um remate do brasileiro – uma dupla sempre mais capaz a finalizar do que Seferovic e Chiquinho, mais uma vez perdulários. Já aos 90+5’, com o Famalicão remetido à sua área, um canto de Grimaldo encontrou o cabeceamento finalizador de Gabriel.

Este golo parece ter dado justiça ao resultado, fruto do maior domínio global do Benfica, mas o resultado castiga uma equipa “encarnada” em modo “suicida”, com Gabriel e Taarabt muito permeáveis a defender, mas na pele de heróis a atacar. Está tudo em aberto.

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