PSD critica proposta de condicionar o trânsito na Baixa de Lisboa

Plano “serve apenas uma minoria que tem motorista ou carros eléctricos”, diz o verador do PSD na Câmara de Lisboa.

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Futura Rua da Prata, na baixa de Lisboa Câmara Municipal de Lisboa

O vereador do PSD na Câmara de Lisboa, João Pedro Costa, criticou neste sábado a intenção da autarquia de condicionar o trânsito na zona da Baixa-Chiado, considerando que é uma proposta injusta e segregadora, porque serve apenas uma minoria.

“Esta proposta não é justa porque serve apenas a uma minoria, que não mora em Lisboa. Temo que a Baixa se transforme num parque temático de recreio, para turistas e estrangeiros residentes com vistos “gold” que passam umas semanas por ano na cidade. Vai afastar quem quer viver a Baixa como parte do seu dia-a-dia, para morar ou trabalhar”, refere João Pedro Costa, em comunicado.

O presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina (PS), apresentou na sexta-feira a nova Zona de Emissões Reduzidas (ZER) Avenidas/Baixa-Chiado, que prevê que o trânsito automóvel nessa área passe a ser exclusivo para residentes, portadores de dístico e veículos autorizados, entre as 06h30 e as 00h00, a partir do verão.

Considerando que tal restrição vai “gentrificar” e “matar definitivamente a Baixa para todos”, afastando as famílias com filhos, que deixarão de ter condições para aí morar, João Pedro Costa lamentou o facto de também ser uma proposta “socialmente segregadora”.

“Serve apenas uma minoria que tem motorista ou carros eléctricos, quando estes não têm ainda uma capacidade de resposta plena e não têm apoio suficiente do Estado para ter um preço competitivo”, salientou, questionando o que fará um cidadão sem dinheiro para ter um carro eléctrico, “uma mãe com dois filhos e os sacos das compras”, um idoso ou um cidadão com mobilidade temporariamente condicionada.

Além disso, acrescenta o vereador do PSD, a proposta agora apresentada não foi ponderada, porque pressupõe que “uma solução radical” num ponto de Lisboa resolve um problema ambiental de escala global.

“Não resolve em nada, nem o caminho passa pela anulação da cidade e da economia sem bom senso”, diz o autarca, acusando o presidente da Câmara de Lisboa de estar cada vez mais afastado do dia-a-dia das pessoas.

Na nota, João Pedro Costa lamenta ainda o facto de Fernando Medina reincidir em apresentar propostas ao público sem as dar a conhecer primeiro aos vereadores da autarquia, que sabem o que se passa na cidade pela comunicação social.

“Uma decisão destas não se pode tomar de forma prepotente, deslumbrada, não anunciada e sem um debate sério”, afirma, reforçando que a convergência com as metas ambientais deve ser uma prioridade, mas deve igualmente ser “ponderada, justa e socialmente integradora”.

João Pedro Costa deixa ainda um desafio ao presidente da autarquia, sugerindo-lhe que “deixe o motorista e passe a usar exclusivamente a Carris”.

“Deixe os filhos na escola com a Carris, siga depois para os Paços do Concelho com a Carris, e daí para os almoços e reuniões, faça as compras da casa, vá buscar os filhos à escola, vá ao médico, sempre na Carris e de bicicleta. Só depois tem autoridade para pedir o mesmo”, desafia.

A ZER abrange parte das freguesias de Santa Maria Maior, Misericórdia e Santo António, sendo delimitada a norte pela Calçada da Glória, Praça dos Restauradores e Praça do Martim Moniz, e a sul pelo eixo formado pelo Cais do Sodré, Rua Ribeira das Naus, Praça do Comércio e Rua da Alfândega.

Esta zona de emissões reduzidas é delimitada a nascente pela Rua do Arco do Marquês de Alegrete, Rua da Madalena e Campo das Cebolas, e a poente pela Rua do Alecrim, Rua da Misericórdia, Rua Nova da Trindade e Rua de São Pedro de Alcântara.

O projeto apresentado por Fernando Medina prevê também a proibição da circulação automóvel na faixa central da Avenida da Liberdade entre os Restauradores e a Rua das Pretas e a reposição do modelo original de circulação ascendente/descendente nas laterais da avenida.

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