Sofia vive o “american dream” na Austrália

Norte-americana nascida em Moscovo confirmou ascensão meteórica em Melbourne e bateu Muguruza na final.

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LUSA/SCOTT BARBOUR

Há um vídeo que confirma: aos cinco anos, Sofia Kenin já queria ser número um do mundo. Entrevistada para um canal televisivo graças às suas precoces proezas com uma raqueta na mão, a tenista, nascida em Moscovo, com o nome de Sonya, foi determinada a confessar o sonho. Tão determinada como os pais, que emigraram para os EUA à procura do “american dream”, ainda ela era bebé. Depois de experimentar futebol e dança, Kenin apaixonou-se pelo ténis e logo começou a traçar objectivos. Um deles, foi cumprido neste sábado, em Melbourne: conquistar um torneio do Grand Slam. A tal determinação, imagem de marca de Sofia, juntou-se a uma enorme garra e à autoconfiança angariada durante a época passada — e ambas derrotaram o favoritismo de Garbiñe Muguruza na final do Open da Austrália.

“2019 começou de forma excelente com a conquista do meu primeiro título do WTA Tour, em Hobart, e as coisas levantaram voo. Fiz um bom torneio em Paris, onde derrotei o meu ídolo, Serena Williams. Toda a confiança veio com os encontros que fiz, com todo o sucesso que tive nesse ano”, revelou a premiada pela WTA como a jogadora que mais progrediu no circuito feminino.

Foi com a autoconfiança em alta que Kenin abordou este Open da Austrália, onde a sua competitividade foi deixando marcas: eliminou a coqueluche Coco Gauff, de 15 anos, depois estragou a ansiada festa australiana, ao eliminar Ashleigh Barty, número um do ranking. Mesmo assim, Muguruza, campeã em Roland Garros (2016) e Wimbledon (2017), era a favorita e demonstrou-o no set inicial.

Mais agressiva, a espanhola distanciou-se cedo, para 3-1 e para 4-2, e nem a cedência do serviço, graças a duas dupla-faltas, a impediu de ganhar a partida inicial. Kenin saiu do court e voltou com uma vontade de lutar ainda maior, cedendo somente três pontos no seu serviço e chegando a 4-1 após um período em que venceu 12 de 15 pontos disputados.

O encontro acabou por decidir-se a 2-2 do set decisivo. Muguruza dispôs de três break-points consecutivos, que a norte-americana salvou com cinco pontos brilhantes. “Aquele jogo a 2-2, 0-40... vai ficar comigo para sempre. Tinha de ser corajosa ao defrontar uma bicampeã do Grand Slam. Sabia que tinha de jogar os cinco melhores pontos da minha vida”, admitiu a super-competitiva Kenin. Com a adrenalina no máximo, a norte-americana aproveitou a passividade da adversária a 2-3, 40-0, para igualar e, graças a uma dupla-falta, fazer o break. Ao fim de duas horas, Muguruza cedeu totalmente com a oitava dupla-falta e caiu, por 4-6, 6-2 e 6-2.

“Ao sentir que estava a aproximar-me do título, precisei de relaxar, acalmar-me. Fiz um excelente trabalho, olhei para o meu ‘camarote’ e resultou”, afirmou Kenin, autora de 11 winners para apenas quatro erros não forçados no último set.

Os primeiros anos da família Kenin nos EUA, onde o pai, Alexander, dava cursos de informática, treinava a filha de dia e conduzia um táxi à noite não passam hoje de boas recordações. Agora, Kenin é a mais nova vencedora do Open da Austrália, desde Maria Sharapova, em 2008. E a nona campeã diferente nos últimos 12 Grand Slams.

Neste domingo (8h30 em Portugal), disputa-se a final entre o sérvio Novak Djokovic, que procura o oitavo título em Melbourne, e o austríaco Dominic Thiem, que terá uma terceira oportunidade para se estrear no palmarés do Grand Slam.

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