Um Inverno cheio de euros para os clubes portugueses

Último dia da janela invernal do mercado de transferências foi relativamente calmo. Bruno Fernandes foi o maior negócio, Trincão foi o terceiro.

Foto
Trincão valeu 31 milhões de euros ao Sp. Braga Reuters/Radovan Stoklasa

Mais vendedores que compradores, os clubes portugueses estiveram em destaque na janela de Inverno do mercado de transferências, com três deles a estabelecerem novos recordes de vendas, sendo que dois destes negócios entraram no top-5. A liderar o mercado de Inverno na Europa esteve a transferência de Bruno Fernandes do Sporting para o Manchester United (55 milhões de euros que podem ir até 80 milhões), um negócio que é um novo recorde para os “leões”. Mas as vendas milionárias mais surpreendentes aconteceram no Minho. O Sp. Braga vendeu o jovem Francisco Trincão ao Barcelona por 31 milhões, transferência que se irá concretizar apenas no próximo Verão, e o Vitória de Guimarães transferiu o central Edmond Tapsoba para o Bayer Leverkusen por 18 milhões, um valor que pode ir aos 20 milhões.

Estes três negócios ajudaram a colocar a Liga portuguesa perto do topo dos campeonatos que mais lucraram neste mercado de Inverno. Segundo os dados do site transfermarkt, a Série A italiana foi a liga que mais dinheiro encaixou no mercado de Inverno (184 milhões), sendo que a portuguesa, com os negócios já efectivados, mais aqueles que se irão concretizar no Verão, transferiu jogadores por um valor total de 133 milhões. Para além dos três negócios já citados, a ida de Raúl de Tomás do Benfica para o Espanyol por 20 milhões foi o outro negócio milionário da Liga portuguesa. Depois destes quatro nomes, as saídas foram, sobretudo, empréstimos e a custo zero.

No que diz respeito a entradas, houve poucos negócios de milhões. Os mais volumosos aconteceram nos dois lados da segunda circular. O Benfica reinvestiu os 20 milhões de De Tomás no médio alemão Weigl (ex-Borussia Dortmund), enquanto o Sporting deixou seis milhões nos cofres do Slovan Bratislava para ficar com o avançado esloveno Sporar. Para além de Weigl, os “encarnados” conseguiram dois negócios de ocasião, o empréstimo por um ano de Dyego Sousa, que andava desterrado no futebol chinês, e um “custo zero” colombiano chamado Yoni González (ex-Cortinthians). Já os “leões”, para além de Sporar, só tiveram o regresso de Francisco Geraldes após meia época de anonimato na Grécia.

PÚBLICO -
Aumentar

Já o FC Porto, não fez absolutamente nada no mercado de Inverno: não contratou, nem vendeu. E o Sp. Braga, para além da transferência futura de Trincão para Camp Nou, recebeu por empréstimo do Barcelona, com opção de compra obrigatória, o jovem avançado Abel Ruiz, para além de ter resgatado o central Bruno Wilson ao Tondela.

Neste mercado de Inverno houve também vários regressos ao futebol português de imigrantes de longa duração. Diogo Salomão, um ex-Sporting que andou por Espanha, Roménia e Arábia Saudita, vai jogar no Santa Clara. Ricardo Vaz Tê, por seu lado, vai jogar na I Liga portuguesa pela primeira vez, ao serviço do Portimonense, depois de mais de uma década passada entre Inglaterra, Grécia, Escócia, Turquia e China.

Algumas pechinchas

Num mercado em que não se gastou assim tanto como isso, os clubes da Série A italiana foram os mais esbanjadores, com um volume total de 214 milhões. A transferência paga mais alta pertenceu à Juventus, que deu 35 milhões à Atalanta pelo jovem extremo sueco Kulusevski (que se irá manter no Parma, por empréstimo, até ao final da época), mas foi o Inter de Milão quem conseguiu, talvez, a maior pechincha de Inverno. Aproveitou que Christian Eriksen estava em final de contrato com o Tottenham para o contratar por apenas 20 milhões, um valor que parece ridículo para a alta qualidade do médio dinamarquês.

Na Premier League, depois do investimento do Manchester United em Bruno Fernandes, o Tottenham de José Mourinho gastou 30 milhões no extremo holandês Bergwijn (ex-PSV), mais 4,5 milhões no empréstimo por ano e meio do benfiquista Gedson Fernandes. O terceiro negócio mais valioso da Premier League foi Daniel Podence, que se tornou no oitavo português do Wolverhampton a troco de 20 milhões, pagos ao Olympiacos. Outro português que mudou de camisola na liga inglesa foi Cédric Soares, emprestado pelo Southampton ao Arsenal.

Na Bundesliga alemã, ninguém gastou tanto como o Hertha Berlim. Foram 78 milhões em quatro jogadores, o mais caro de todos Piatek, um avançado polaco recrutado ao AC Milan por 27 milhões – e se render tanto como o outro polaco famoso que anda no futebol alemão, Robert Lewandowski, será um grande negócio para os berlinenses. O que já ficou provado ser outra das grandes pechinchas do mercado foi Erling Haaland, o jovem norueguês que o Borussia Dortmund comprou ao Red Bull Salzburgo por 20 milhões – já marcou cinco golos em 59 minutos deste que ao clube alemão.

Na Ligue 1, aquele que costuma ser o maior gastador, o PSG, ficou quieto, mas houve algum volume de negócios. O Mónaco gastou 62 milhões em cinco jogadores, um deles Tchouaméni (ex-Bordéus) por 20 milhões, a mesma verba que o Lyon deu ao Atlético Paranaense por Bruno Guimarães, que chegou a estar na mira do Benfica. E em Espanha, se o Barcelona comprou Trincão para a próxima época e o Real Madrid comprou o brasileiro Reinier por 35 milhões para o ir rodando entre a equipa principal e o Castilla. Depois destes dois, foi o Villarreal a gastar 23 milhões no internacional espanhol Paco Alcácer (ex-Dortmund), enquanto o último classificado Espanyol apostou forte para tentar fugir à despromoção, 39 milhões, mais de metade em De Tomás, que já marcou três golos desde que aterrou na Catalunha.

Sugerir correcção
Ler 1 comentários