Operação de repatriamento de europeus “é muito complexa e exige discrição absoluta”

Ministro dos Negócios Estrangeiros alerta que operação é muito complexa, “quer do ponto de vista logístico, quer do plano diplomático”.

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O coronavírus, detectado no final do ano em Wuhan, capital da província de Hubei (centro), já provocou a morte de pelo menos 170 pessoas na China e infectou mais de 7700 outras. LUSA/WALLACE WOON

O ministro português dos Negócios Estrangeiros disse esta quinta-feira que a operação de repatriamento de portugueses e outros europeus residentes na cidade chinesa de Wuhan, onde teve origem um coronavírus perigoso, é muito complexa e exige discrição absoluta.

“Confirmamos que os portugueses residentes em Wuhan e que pediram repatriamento para Portugal estão inscritos na operação de repatriamento que está a ser organizada a nível europeu, com a participação de Portugal, mas essa operação, para ter sucesso, precisa de ser rodeada da discrição e da prudência necessárias”, afirmou à Lusa o ministro Augusto Santos Silva.

O ministro explicou que a “operação é muito complexa, quer do ponto de vista logístico, quer do plano diplomático”, tendo exigido uma delicada montagem e coordenação dos países europeus.

A operação “também exige coordenação com as autoridades chinesas, designadamente com as autoridades da saúde pública, cujas autorizações são indispensáveis para que a operação possa ser realizada”, adiantou.

Um avião que vai fazer o repatriamento de cidadãos europeus desde Wuhan saiu esta quinta-feira, cerca das 10h, do aeroporto de Beja, tendo o comandante da companhia aérea Hi Fly garantido estar tudo “pronto para ir e trazer as pessoas, portugueses incluídos”.

De acordo com o comandante Antonios Efthymiou, o voo partiu para Paris, França, e na sexta-feira viajará para Hanói, no Vietname, de onde, depois, seguirá para a China.

Sobre estas informações, Santos Silva não quis avançar pormenores.

“Não tenho nenhuma informação a dar sobre os pormenores técnicos da operação de repatriamento”, disse, acrescentando que “quando for oportuno divulgar publicamente pormenores - como o dia e hora de chegada ou as medidas a que serão sujeitos os portugueses uma vez repatriados - as autoridades portuguesas competentes fá-lo-ão”.

O ministro dos Negócios Estrangeiros avançou, no entanto, que a operação visa o repatriamento “de cidadãos europeus residentes em Wuhan ou na zona envolvente”, ou seja, pessoas que estão, neste momento, em regime de quarentena.

“O que nós pedimos às autoridades chinesas é que seja aberta uma excepção nesse regime de quarentena para permitir que cidadãos europeus possam ser repatriados para os respectivos países”, explicou o ministro, sublinhando que “o objectivo principal é que a operação se realize com todas as condições de segurança e eficácia”.

Para isso acontecer, reiterou, “quanto mais contidos formos nas informações e efabulações sobre os seus aspectos logísticos e técnicos, melhor”.

O coronavírus, detectado no final do ano em Wuhan, capital da província de Hubei (centro), já provocou a morte de pelo menos 170 pessoas na China e infectou mais de 7700 outras.

Um estudo genético, conduzido por cientistas chineses, confirmou que o novo coronavírus com origem na China terá sido transmitido aos humanos através de um animal selvagem, ainda desconhecido, que foi infectado por morcegos.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) convocou para esta quinta-feira o Comité de Emergência para determinar se este surto deve ser declarado uma emergência de saúde pública internacional.

Fonte europeia disse à agência Lusa, na quarta-feira, que 17 cidadãos portugueses que estão na China – quase todos em Wuhan, na província de Hubei –, já pediram para deixar o país.

Além do território continental da China, foram reportados casos de infecção em Macau, Hong Kong, Taiwan, Tailândia, Japão, Coreia do Sul, Estados Unidos da América, Singapura, Vietname, Nepal, Malásia, Austrália, Canadá, Alemanha, França (primeiro país europeu a detectar casos), Finlândia, Índia, Filipinas e Emirados Árabes Unidos.

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